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Ampliação do teste do pezinho precisa levar em conta a desigualdade no país

Presidente da SBTEIM defende que outras medidas devem ser tomadas em conjunto para melhorar o combate às doenças raras no país

Victor Correia
postado em 22/06/2022 06:00
 (crédito:  Carlos Vieira/CB/D.A Press)
(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press)

A presidente da Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal Erros Inatos do Metabolismo (SBTEIM), Tânia Aparecida Sartori Sanchez Bachega, acredita que a implantação do teste do pezinho ampliado precisa levar em conta as especificidades do sistema de saúde em cada região. Ela defende que outras medidas devem ser tomadas em conjunto para melhorar o combate às doenças raras no país.

"Em outros estados nos quais isso já foi feito, como São Paulo, o índice de cobertura mostra que 98% dos bebês que nascem são submetidos a esse teste. Têm estados em que a triagem está muito organizada. Mesmo com a queda na natalidade que houve no ano passado, provavelmente por causa da pandemia, tivemos 600 mil nascimentos no ano. Do nosso ponto de vista, essa população merece ter acesso a tecnologias novas de saúde", cobrou.

Tânia lembra que o Brasil tem regiões com menor desenvolvimento econômico, com dificuldades para realizar o teste que detecta as seis doenças previstas na Fase 1. "Não podemos deixar de olhar onde a triagem não vai bem", observou.

A médica ressaltou, ainda, que o teste do pezinho, em caso de resultado positivo, não confirma que a criança tem uma determinada doença. É preciso realizar testes confirmatórios, específicos para cada problema a fim de que o diagnóstico seja fechado.

Falta de confirmação

Tânia advertiu que há regiões do país que não realizam os testes confirmatórios. Daí porque, na avaliação da presidente da SBTEIM, a necessidade de haver um trabalho de capacitação de pediatras e geneticistas para mais bem diagnosticar e tratar as 45 novas doenças que serão incluídas no novo escopo do teste do pezinho.

"Nós tentamos chegar perto do Ministério da Educação (MEC) para ter uma grade de doenças raras na graduação (do curso de Medicina). A gente tem, agora, um programa nacional, que significa um grande desenvolvimento em longo prazo. Teremos um teste do pezinho muito próximo do que se faz nos Estados Unidos e, por causa disso, a gente tem que pensar também em tratar corretamente essas doenças. A gente tem que pensar na nossa grade de graduação", defendeu Tânia, que é professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

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