VIOLÊNCIA

Corpos de Bruno e Dom serão entregues às famílias nesta quinta-feira (23)

Segundo o Comitê de Crise criado para investigar o duplo homicídio no Vale do Javari, os exames de DNA foram concluídos e ficou confirmado que os restos mortais são de Bruno e Dom

Fábio Grecchi
Tainá Andrade
postado em 23/06/2022 05:57 / atualizado em 23/06/2022 05:58
 (crédito: Pedro França/Agência Senado)
(crédito: Pedro França/Agência Senado)

Os corpos de Bruno Araújo Pereira e de Dom Phillips serão entregues, hoje, às famílias, segundo a Polícia Federal. Os despojos do indigenista e do jornalista devem sair do hangar da PF, no aeroporto de Brasília, às 14h.

Segundo o Comitê de Crise criado para investigar o duplo homicídio no Vale do Javari, os exames de DNA foram concluídos e ficou confirmado que os restos mortais analisados pelo Instituto Nacional de Criminalística são de Bruno e Dom. Os corpos foram encontrados depois que Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, levou as equipes de busca ao local onde os havia enterrado. Ele, aliás, diz que apenas teria participado da ocultação dos cadáveres e que Jeferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha, fez os disparos que mataram o jornalista e o indigenista.

Em paralelo ao prosseguimento das investigações no Vale do Javari, representantes das comunidades indígenas de todo o país depuseram, ontem, no Senado, na sessão conjunta das comissões de Direitos Humanos e da que foi criada para acompanhar as circunstâncias das investigações do assassinato de Bruno e Dom. Um dos relatos mais aguardados foi o de Eliésio Marubo, o representante da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), região onde ocorreu o duplo homicídio.

Ele afirmou que a diretoria da Univaja está marcada para morrer. O terror contra os líderes da entidade se intensificou a partir do primeiro ano do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), assim como a violência na região. Eliésio ainda pediu à Polícia Federal (PF) uma investigação mais ampla sobre os assassinatos de Dom e Bruno.

Já o líder indígena Eliseu Lopes Kaiowá, da nação guarani-kaiowá, disse que a não definição de terras estimula a violência contra as comunidades. "As instituições públicas têm que assumir o papel de fazer a demarcação para que a violência não se torne normal. São atos sistêmicos, feitos de forma pensada e articulada", disse.

A administração da Fundação Nacional do Índio (Funai), presidida pelo delegado federal Marcelo Augusto Xavier, foi duramente criticada por desproteger as comunidades. "A atual gestão tem atuado para que a gente não seja enxergado e que nossas ações sejam escondidas. Nos retiram a maioria das coordenações locais dos setores que defendem o meio ambiente para que não informe sobre o que está acontecendo", explicou Jaborandi Tupinambá, da terra indígena Tupinambá de Olivença (BA).

O presidente do Indigenistas Associados (INA), Fernando Vianna, endossou as críticas à Funai e disse que Bruno e Dom foram assassinados devido ao trabalho de combate às atividades ilícitas. "Junto com os crimes ambientais mais costumeiros, como pesca e caça ilícitas, há articulações com forças do crime muito mais complexas, com conexões com o narcotráfico e o comércio de armas", afirmou.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.