saúde

Vacinação contra gripe e sarampo fica abaixo da meta

Números do ministério mostram que apenas 41% do público-alvo da gripe foi imunizado. Em relação ao sarampo, somente 46% procuraram as doses. A partir de hoje, estão liberadas para todas as idades

Isabel Dourado*
rafael pati*
postado em 25/06/2022 06:00
 (crédito:                                      )
(crédito: )

A campanha de vacinação contra gripe e sarampo em todo o Brasil encerrou ontem, mas apresentou percentuais bem abaixo das estimativas iniciais. De abril até agora, apenas 41,11% das crianças de seis meses a menores de cinco anos foram imunizadas contra o sarampo — a meta era chegar a 95%. No caso da gripe, somente 46,39% do público-alvo, de um total aproximado de 77,9 milhões de pessoas, foi atingido. Os dados são do Ministério da Saúde.

O desempenho no Distrito Federal atesta a dificuldade da campanha de vacinação. Apenas 42% daqueles que tinham direito foram imunizados contra a influenza entre 3 de abril e 17 de junho. No caso do sarampo, 26% do público-alvo recebeu a dose.

A partir de hoje, exatamente para acelerar o processo de imunização da população, os estados e municípios podem ampliar a campanha para todas as pessoas a partir de seis meses de idade, enquanto durarem os estoques de imunizantes contra a gripe e o sarampo. De acordo com o ministério, ao todo já foram distribuídas mais de 80 milhões de doses para todo o Brasil.

De acordo com a pasta, foram aplicadas 7 milhões de doses. Em crianças, foram 5.389.460; em adolescentes e adultos, 228.086; e em trabalhadores da saúde: 1.433.067.

Retorno de doenças

Especialistas têm alertado para o retorno de doenças já erradicadas no país, como o sarampo. A aparição de novos casos nada mais é do que a consequência da queda da cobertura de imunização das vacinas de tríplice viral ou da tetra viral, que protegem contra sarampo, caxumba, rubéola e catapora.

Na avaliação de Bergman Morais, virologista e professor do Instituto de Biologia (IB) da Universidade de Brasília (UnB), há mais de um motivo que explica a baixa cobertura vacinal da campanha contra a gripe e o sarampo. "Acredito que a queda pode ser relacionada com um conjunto de fatores. Houve todo o processo de negacionismo da vacina da covid-19, e isso desestimulou as pessoas a tomarem as outros imunizantes. Alguns médicos até aconselharam as mães a não vacinar as crianças contra o novo coronavírus. Algumas pessoas entraram em contato comigo para perguntar se era bom dar uma vacina para o filho. E muita gente se consultou com médicos negacionistas, que vendiam uma propaganda negativa de que a vacina era perigosa", lamenta.

Morais cita, ainda, a falta de informação confiável por parte das autoridades. "Qual a razão de algumas pessoas não tomarem? Porque, às vezes, recebem uma mensagem fake no celular dizendo que as vacinas mudam o DNA. Isso se reflete nos outros imunizantes. Algumas pessoas que nasceram depois de 1970 pararam de levar os filhos para se vacinar contra o sarampo. A desinformação foi o principal fator para a queda da cobertura vacinal. As pessoas não confiam mais na imprensa e nos especialistas", disse.

Para Hemerson Luz, médico infectologista do Hospital das Forças Armadas (HFA), é essencial que campanhas de vacinação sejam feitas. "É muito importante para que as pessoas se imunizem com todas as doses de reforço que estão previstas. A vacina é uma gestão de risco: é diminuir a possibilidade de ter um quadro grave, que pode evoluir de forma desfavorável ou mesmo para o óbito. Campanhas são muito bem-vindas", propôs.

No período de vacinação que se encerrou ontem, o público-alvo eram crianças entre seis meses a menores de cinco anos, trabalhadores da saúde, gestantes, puérperas e indígenas e idosos.

* Estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi

 


Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.