Diferença racial também pesa

Correio Braziliense
postado em 29/06/2022 00:01

Uma pesquisa analisou o perfil das 24 mil notificações de violência e agressões praticadas contra a população LGBTQIA entre 2015 e 2017. Um dos resultados foi a evidência de que metade das violências teve como alvo pessoas negras ou pardas. O levantamento faz parte do livro De dores e de amores — Reconstruções da Homossexualidade Paulistana, de autoria de José Ronaldo Trindade, doutor em Antropologia Social e professor da Universidade de Brasília (UnB).

Ele explica que uma das causas para esse dado é que enquanto as pessoas brancas ocupam lugares de debate e de formulação de demandas junto ao governo e à sociedade, as negras estão à margem. "Enquanto o gay branco, que vive nos Jardins, em São Paulo, está interessado em aprovar o casamento, o homem gay negro, que vive na periferia, está lutando para não ser assassinado", apontou.

Ele salienta, ainda, o avanço do medo na comunidade a partir do governo Bolsonaro. "Os retrocessos se tornaram mais evidentes agora por causa da ascensão do pânico moral que o governo operou na população, o aumento da violência, o endurecimento moral da sociedade", pontuou.

Para advogado especialista em direito regulatório Gabriel Araújo, o Brasil tem que rever como trata os temas da comunidade gay. "Temos uma parcela de parlamentares conservadores e isso faz com que os debates não evoluam. Os maiores avanços vêm de decisões judiciais, que suprem essa omissão", disse. (TA e ID)

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