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Bloqueio de R$ 3,2 bi da Educação vai afetar bolsas, pesquisas e projetos

Já o bloqueio no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, também já confirmado, será de R$ 2,9 bilhões

Auxílio estudantil, bolsas de pesquisas e projetos acadêmicos serão diretamente prejudicados pelo bloqueio de R$ 3,2 bilhões de verbas de custeio, anunciado pelo governo esta semana, para as universidades federais de todo o país. O alerta é da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

Presidente da entidade de reitores, Marcus David diz que a redução dos recursos para as universidades deve chegar a 14,5% do total. Para ele, a medida vai "inviabilizar o funcionamento das instituições neste segundo semestre", com impacto direto sobre alunos mais pobres.

Já o bloqueio no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, também já confirmado, será de R$ 2,9 bilhões. Deve paralisar, conforme entidades científicas, pesquisas importantes sobre covid-19 e meio ambiente. O corte total do Orçamento, anunciado pelo governo federal e publicado, ontem, no Diário Oficial da União (DOU), é de R$ 8,2 bilhões.

Na Universidade Federal de Minas (UFMG), o dinheiro bloqueado deve corresponder a uma redução superior a R$ 30 milhões, segundo a reitoria. Se a supressão de recursos for mantida, "comprometerá o funcionamento e a manutenção da universidade, com forte impacto nas ações de ensino, pesquisas e extensão, além da assistência estudantil, inviabilizando o apoio a estudantes mais necessitados", segundo explicou a reitora Sandra Regina Goulart.

"Esses cortes reduzem a atuação das universidades como agentes mitigadores do aumento das condições de vulnerabilidade da nossa população, que tem sido fortemente afetada com a pandemia de covid-19 e com a crise econômica", apontou, em nota.

Reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca disse que o bloqueio é "uma tragédia". Segundo ele, torna impossível manter compromissos, bolsas e planos previstos para este ano.

"Na prática, esses dois bloqueios (das verbas do MEC e do MCTI) inviabilizam o funcionamento da ciência brasileira e dessas instituições, institutos e universidades que são tão cruciais para o país. O Orçamento de 2022 já era claramente insuficiente para o funcionamento das nossas instituições neste ano. É uma tragédia nacional que logo a ciência, as universidades e os institutos de pesquisa que tiveram esse papel estratégico reconhecido por todos num momento de pandemia paguem quase a metade da conta desse reajuste aos funcionários federais", afirmou Fonseca.

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Catástrofe

Para a coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, Tatiana Roque, o corte na ciência e tecnologia deve atingir bolsas do CNPq, além de outras verbas essenciais à pesquisa. "Já o corte na educação pode prejudicar as verbas para o funcionamento da universidade e assistência estudantil. Uma catástrofe, especialmente neste momento de volta da pandemia, em que as universidades precisam muito de investimentos", lamentou.

Marcus David, também reitor da Federal de Juiz de Fora (UFJF), concorda com a colega. "O bloqueio compromete gravemente a manutenção da universidade, afetando diretamente projetos de pesquisa, de inovação, de extensão e de cultura, além de ameaçar a permanência dos estudantes em situação vulnerável, vinculados à assistência infantil", explicou.

Segundo o reitor Emmanuel Tourinho, da Federal do Pará (UFPA), o corte na instituição equivale "a uma perda de R$ 28 milhões, de um orçamento que já era R$ 10 milhões mais baixo do que o de 2019. Uma condição de financiamento que já era crítica torna-se, neste momento, absolutamente insustentável".

Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader estima que o corte de verbas na ciência deve impactar pelo menos 30 projetos de pesquisa. Entre eles, estão estudos sobre covid-19, biodiversidade e sustentabilidade, além de pesquisas na Antártida.