Caos aéreo

Brasileiros penam em aeroportos europeus

Crise das companhias de aviação adia viagens de turismo e negócios que têm, principalmente, Portugal como origem ou destino

Vicente Nunes Correspondente
postado em 05/07/2022 00:01
 (crédito: Vicente Nunes/CB/D.A. Press)
(crédito: Vicente Nunes/CB/D.A. Press)

Lisboa, Portugal — Os brasileiros que programaram viagens de férias ou de negócios para a Europa — em especial, para Portugal — com reserva de voo pela TAP, devem se preparar para um martírio. Desde o último fim de semana, uma onda de greves provoca falta de pessoal e de aviões, gerando caos nos aeroportos, com vários cancelamentos de voo. Em Lisboa, a situação é pior. A TAP lidera a suspensão de decolagens, com extravio de malas e desrespeito aos viajantes. O descaso é enorme, com funcionários irritadiços e a empresa não cumprindo obrigações básicas, como dar informações corretas aos passageiros e arcar com despesas de alimentação, transporte e hospedagem.

A brasileira Adriana Machado está, desde a última sexta-feira (1º/7), tentando voltar de Lisboa para Recife. "Meu voo foi cancelado, marcaram outro para o dia seguinte e cancelaram de novo, me jogaram para um voo de 8 de julho, mas eu não posso ficar em Lisboa até esse dia. Insisti e me jogaram para um voo hoje (ontem). Vamos ver se consigo embarcar", contou. Nos dias a mais que ela ficou em Lisboa, a companhia aérea não arcou com nenhuma despesa. "Não deu nenhum voucher, nenhuma alimentação nem hotel, absolutamente nada", afirmou.

Aline Vieira foi outra brasileira surpreendida com e-mail da TAP informando que o voo dela havia sido remarcado. "Não me deram opção nenhuma, não tenho onde ficar, não me deram acomodação. E tudo está muito caro", queixou-se. Aline estava de férias em Lisboa. "A gente viaja com o dinheiro para este período, com alimentação e estadia. Agora, é complicado, não consigo arcar com dois dias a mais", lamentou.

A desordem na TAP não perdoou o brasileiro Rogério Paixão. Mesmo ele tendo feito o check-in de sua viagem para Cancún, no México, e ter chegado com mais de uma hora de antecedência no aeroporto de Lisboa, não conseguiu embarcar porque a máquina que imprime as etiquetas de bagagens estava quebrada. Como ele teve de entrar na fila para fazer o procedimento que não levaria mais do que cinco minutos, perdeu o voo e, na melhor das hipóteses, só conseguirá embarcar no dia 6 de julho. "Fiz o check-in antecipadamente para facilitar tudo, na hora de fazer o despacho das malas, contudo, a máquina de etiquetagem estava quebrada. Além disso, ninguém orientava nada e as filas estavam enormes", contou.

Diante do caos, a presidente executiva (CEO) da TAP, Christine Ourmières-Widener, reconheceu, em comunicado oficial, que os transtornos para os viajantes vão continuar por um bom período. "Neste momento, reconhecemos que não estamos oferecendo o serviço de excelência que planejamos e que queremos que experiencie conosco, face à crise que o transporte aéreo atravessa e que, de acordo com as previsões mais recentes, não deverá melhorar nas próximas semanas, fruto do aumento regular das viagens de lazer e de negócios", escreveu. Ela pediu as "mais sinceras desculpas". Desde sexta-feira, a TAP cancelou mais de 120 voos.

A presidente da TAP tentou minimizar a situação jogando a culpa pelo calvário dos passageiros na pandemia de covid-19. "Os últimos dois anos foram muito difíceis para todos nós, sobretudo para o setor da aviação comercial, extremamente penalizado devido à pandemia", disse. Contudo, segundo ela, "todos os colaboradores da TAP têm trabalhado de forma resiliente e consistentemente na reconstrução da companhia e em ganhar novamente (a confiança dos viajantes)".

A agência reguladora do setor de aviação de Portugal, a ANA Aeroportos, atribuiu os cancelamentos às greves de funcionários das empresas aéreas, especialmente na Europa.

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