violência

Bancários protestam contra assédio no trabalho

Isadora Albernaz*
postado em 06/07/2022 00:01
 (crédito:  ESTADÃO CONTEÚDO)
(crédito: ESTADÃO CONTEÚDO)

Bancários promoveram, na manhã de ontem, em várias cidades do país, o "Dia nacional de luta contra os assédios moral e sexual". Servidores da Caixa participaram de atos de protesto contra esse tipo de violação no ambiente de trabalho em frente a agências do banco, após convocação do Comando Nacional dos Bancários. Nas redes sociais, a hashtag #BastaDeAssédio também foi usada para chamar a atenção para o problema.

Em São Paulo (SP), os servidores promoveram manifestações em diversos pontos da cidade. Na Avenida Faria Lima, centro financeiro do país, um grupo de funcionárias exibiu uma placa com a frase "Basta de violência contra as mulheres".

No Distrito Federal, o Sindicato de Bancários aderiu ao movimento, mas promoveu apenas duas ações voltadas ao público interno — em uma agência do BRB e em uma unidade da Caixa. Protestos foram registrados também em outras capitais, como Belo Horizonte, Campo Grande, Vitória e Salvador.

Denúncias

Os protestos foram motivados pela série de denúncias de assédio sexual e moral feitas por servidoras e servidores da Caixa contra o ex-presidente da instituição Pedro Guimarães. Desde 2021, o Ministério Público Federal promove uma investigação sigilosa sobre as denúncias. O ex-presidente do banco negou as acusações, mas decidiu se afastar do cargo na última quarta-feira.

Presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional da categoria, Ivone Silva disse ao Correio que a política assediadora por parte de executivos da Caixa já vinha sendo denunciada pelo movimento sindical. "O que não sabíamos é que, além do assédio moral, existia um esquema de assédio sexual. Foi uma surpresa (para o sindicato)", declarou.

De acordo com a líder sindical, o problema do assédio será tema central da próxima reunião do comando com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), entidade que representa as empresas. Segundo ela, será reivindicada a inclusão de uma cláusula contra assédio na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. A proposta foi enviada à federação no último dia 15 e será discutida na terceira mesa de negociações, marcada para hoje. O encontro entre as entidades foi adiantado em decorrência dos últimos acontecimentos envolvendo Pedro Guimarães.

Em relação às medidas práticas a serem implementadas para combater o assédio, Ivone Silva defende a promoção de campanhas de esclarecimento e a abertura de mais canais de denúncia. "O que estamos pedindo é que se tenha uma formação sobre o assédio, por exemplo, com palestras; um canal para que o sindicato tenha acesso às denúncias e, também, à apuração dos casos. Hoje, o que acontece? As vítimas são retiradas do seu local de trabalho. O que queremos é que a vítima não seja afastada e, sim, o agressor, caso seja comprovado assédio."

Um estudo de 2021, quando foram ouvidos mais de 3 mil servidores, encomendado pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), revelou uma alta incidência de casos de assédio na estatal. De acordo com a pesquisa, seis em cada dez funcionários do banco jdeclararam que á sofreram assédio no ambiente de trabalho, número que representa mais da metade dos servidores (56%). Na última pesquisa, feita em 2018, esse percentual era 53%.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags