Levantamento

Risco de acidente é maior em rodovia pública; veja as mais perigosas

Conclusão do estudo é que falta de investimento nas rodovias públicas aumenta o risco de acidentes nelas

Correio Braziliense
postado em 06/07/2022 09:36
 (crédito: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
(crédito: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

O risco de um acidente em rodovia sob gestão pública é até quatro vezes maior do que em rodovia concedida, de acordo com um levantamento feito pela Fundação Dom Cabral. De acordo com os dados, levantados a partir dos registros da Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre 2018 e 2021 foram registrados 264.196 acidentes de trânsito em rodovias sob jurisdição federal. Desses, 79,7% ocorrem nas rodovias que são administradas pelo Poder Público e 20,3%, nas concedidas. O estudo conclui que essa diferença ocorre devido à falta de investimento do poder público nas rodovias. 

A pesquisa também mapeou as unidades da Federação com mais registros de acidentes graves de trânsito. Em primeiro lugar está o Rio Grande do Sul, com 9,3% dos acidentes, seguido por Paraná (8,3%) e Minas Gerais (7,3%). O Distrito Federal ocupa a 14º posição, com 3,8% do total de acidentes.  

O levantamento indica que o número de acidentes em rodovias com circulação de veículos superior a 1.000 por dia representa 95% do total de acidentes registrados pela PRF. 

São Paulo também aparece numa posição de destaque no ranking dos estados com mais acidentes. Os paulistas ocupam a 18ª posição, com 4.179 acidentes em estradas mais movimentadas, e contam com pouco mais de 60% de rodovias federais privatizadas.

Tabela mostra os números de acidentes por estado, com as taxas de ocorrência e taxas de severidade
Tabela mostra os números de acidentes por estado, com as taxas de ocorrência e taxas de severidade (foto: Reprodução/FDC)

“Sabemos onde os acidentes ocorrem no Brasil. Não é surpresa para ninguém que os trechos e os estados se repetem. Os acidentes se concentram em áreas com influência urbana, onde tráfegos de longa distância entram em conflito com movimentos urbanos que possuem características operacionais diferentes”, afirma Paulo Resende, professor de logística, transporte e planejamento de operações da Fundação Dom Cabral.

Embora não faça parte do estudo, o especialista citou o Anel Rodoviário de BH como exemplo negativo, onde vários acidentes graves ocorrem e soluções não são pensadas para evitá-los.

“Temos de ver intervenções em trechos historicamente conhecidos. Temos um exemplo nacional seguido constantemente e infelizmente com acidentes de altíssima gravidade. O Anel Rodoviário é um exemplo, em que há um conflito de gestão onde historicamente ninguém assume. Sou defensor do Arco Metropolitano, já que 50% dos caminhões que passam no nosso anel não tem a ver com a região metropolitana. Estão apenas de passagem para outros estados”.

Das rodovias analisadas, a BR-101 e BR-116, que passa por Minas Gerais, são as rodovias com maior número de acidentes e severidade dos casos.

Enquanto a BR-101 teve 11.026 ocorrências, a BR-116 registrou 9.618 ocorrências no período analisado. A BR-040, com longo trecho em Minas, contabilizou 3.113 ocorrências, enquanto a BR-153 (conhecida também como Rodovia Transbrasiliana), que atravessa o Triângulo Mineiro, registrou 2.392 acidentes.

Estradas públicas x estradas privadas


Os dados mapeados pela Fundação Dom Cabral mostram que ocorreram 264.196 acidentes em rodovias federais de 2018 a 2021. Os números absolutos apontam que 56,6% deles ocorreram em rodovias de responsabilidade da União, enquanto 43,4% foram em vias concedidas à iniciativa privada.

“É preciso que o Brasil discuta na área da infraestrutura fontes de financiamento para rodovias. Infelizmente, ao longo das décadas, o investimento público não ocorre alinhado com os investimentos das concessionárias. Temos a questão de gestão. Não é problema de ter mais dinheiro, somente. E, sim, de gestão entre a federação, estados e municípios para tratar esses pontos de maior conflito”, afirma Paulo Resende.

*Com informações do Estado de Minas

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação