violência

Cirurgião acusado de manter paciente em cárcere privado

Correio Braziliense
postado em 19/07/2022 00:01

O cirurgião plástico equatoriano Bolívar Guerrero Silva, de 63 anos, foi preso, ontem, acusado de manter uma paciente em cárcere privado no Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A razão, de acordo com os policiais, teria sido uma operação que deu errado e o médico pretendia esconder o episódio. A detenção foi realizada pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) do município.

A prisão acontece uma semana depois daquela que levou para trás das grades o anestesista Giovanni Quintella Bezerra. Ele é acusado de estupro de uma parturiente nos Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, também na Baixada Fluminense. Os investigadores suspeitam que ele possa ter cometido aproximadamente 30 abusos sexuais — a denúncia contra ele deve ser apresentada amanhã pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ).

Os agentes estiveram no Santa Branca para resgatar a paciente. Segundo denúncia feita pela família, ela estaria sendo mantida em cárcere privado há dois meses, desde que se submeteu a uma cirurgia plástica na barriga que teria dado errado. Os policiais cumpriram mandados de prisão preventiva, busca e apreensão, e de condução coercitiva.

O caso chegou à polícia depois que a família tentou, várias vezes, tirar a mulher que vinha sendo mantida no Santa Branca contra a vontade. Para confirmar a prisão ilegal, mantiveram contato telefônico com ela, que confirmou o desejo de ir embora.

De acordo com a delegada Fernanda Fernandes, responsável pela Deam de Duque de Caxias, foi esse apelo que deixou os policiais em alerta. "Além disso, chamou a atenção a negativa da unidade em fornecer o prontuário médico. A situação que encontramos a vítima também nos preocupou muito e, por isso, deliberamos pela prisão", explicou a policial. Segundo ela, a mulher não mais está em cárcere privado, "mas há indícios de que esteve".

"Tentamos entrar e eles impediriam. Quando entramos, ela não tinha condições de sair. Por isso, existe indícios de cárcere", salientou Fernanda.

Inicialmente, Bolívar ficaria preso por cinco dias, porém mais quatro mulheres foram à delegacia para fazer acusações ao cirurgião — o que levou a delegada a estender a detenção por mais cinco dias. O médico é sócio do Hospital Santa Branca e, segundo a polícia, já é investigado por outros casos de cárcere privado.

Em depoimento na Deam, Bolívar negou que mantivesse a paciente internada contra a vontade. Mas, cautelarmente, o Conselho regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) suspendeu o registro do cirurgião.

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