Mudanças climáticas

Conferência do Clima busca incentivar participação dos jovens no debate

Evento começou na capital pernambucana nesta terça-feira (9/8), e contará com o lançamento de uma carta de compromisso com "Diretrizes para a Ação e Ambição Climática"

Tainá Andrade
postado em 09/08/2022 23:40
 (crédito: Daniel Beltra/Greenpeace)
(crédito: Daniel Beltra/Greenpeace)

A quarta edição da Conferência Brasileira de Mudança do Clima teve início, nesta terça-feira (9/8), em Recife. A escolha da capital pernambucana não foi aleatória. Em maio deste ano, o Observatório do Clima divulgou um alerta, com base em um estudo da World Weather Attribution (iniciativa de colaboração de cientistas do mundo todo, liderada pelo britânico Imperial College e pelo Instituto Meteorológico KNMI, da Holanda), de que a crise climática pode ter ampliado em 20% a intensidade das tempestades que provocaram a morte de 130 pessoas e deixaram 25 mil desabrigados, na maior tragédia natural do estado em 50 anos na região.

O evento busca incentivar a participação dos jovens no debate sobre o futuro do planeta diante das alterações no clima e montar uma agenda sobre o tema para o estado. Também será lançada uma carta de compromisso com "Diretrizes para a Ação e Ambição Climática". Um dos principais temas da conferência será a correlação dos fenômenos com as desigualdades sociais. Uma das mesas discutirá a criação de cadeias econômicas para regenerar o ambiente com o objetivo de reduzir esses efeitos.

Para reforçar o debate, o livro intitulado "Quem precisa de justiça climática no Brasil?" foi lançado pelo Observatório do Clima. A entidade entende que a crise estabelecida acaba servido como mais um instrumento para "oprimir os grupos sociais mais vulneráveis". O conteúdo faz uma correlação com dados sobre racismo, pobreza, violência de gênero, saúde, acesso à terra, à água e aos demais recursos naturais, e ao saneamento básico.

"As reflexões apresentadas nos ajudam a entender a crise climática como mais um eixo de opressão que, quando analisado à luz da interseccionalidade, revela que os impactos das mudanças do clima são ainda mais acentuados para mulheres negras, indígenas e quilombolas, de comunidades rurais, pesqueiras e marisqueiras, periféricas e moradoras de favelas. Fatores ambientais e climáticos reforçam desigualdades já existentes e criam abismos de extrema marginalização para mulheres que fazem parte dessas intersecções", diz um trecho da apresentação do livro.

Vulnerabilidade

O boletim Desigualdade nas Metrópoles, assinado pelo Observatório das Metrópoles, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul e pela Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL) apontou o aumento de pessoas em situação de vulnerabilidade social em grandes cidades.

A região metropolitana de Recife foi apontada como a campeã no estudo, com 13% da população vivendo em extrema pobreza, com renda per capita de R$ 160 por mês. No total, são mais de 19,8 milhões de brasileiros vivendo nas grades cidades nessa condição. O estudo também apurou que 52,7% podem ser consideradas pobres ou extremamente pobres. E são justamente essas populações que mais sofrem com as consequências das mudanças climáticas. 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação