AMARELO DE OXUM

Professora que leu carta pela democracia tem trajetória no movimento negro

Conheça a trajetória de uma das juristas mais importantes do Brasil, autora da primeira tese que propôs a criminalização da discriminação racial

Márcia Maria Cruz - Estado de Minas
postado em 12/08/2022 17:38
Professora Eunice de Jesus Prudente iniciou a leitura da carta pela democracia na Faculdade de Direito da USP -  (crédito: Reprodução/Redes Sociais)
Professora Eunice de Jesus Prudente iniciou a leitura da carta pela democracia na Faculdade de Direito da USP - (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

A professora Eunice de Jesus Prudente foi a primeira dos quatro juristas da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo a ler a "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito". O documento, que recebeu mais de 1 milhão de assinatura, foi lido na quinta-feira (11/08) no Largo São Francisco, em frente à Faculdade de Direito da USP em São Paulo. A leitura da carta também foi realizada em outras cidades do Brasil.

"Sou uma mulher preta, cidadã brasileira, uso símbolos importantíssimos das comunidades e das religiões de matriz africana e estou vestida de amarelo, uma das cores do meu santo, Oxum", apresentou-se a professora de Direito da USP e da Universidade Zumbi dos Palmares.

Eunice de Jesus Prudente é autora da primeira tese que propõe a criminalização da discriminação racial, aprovada em 1980 e publicada no livro “Preconceito Racial e Igualdade Jurídica: a cidadania negra em questão” pela Editora Julex, em 1989.

A jurista fez toda a formação e desenvolveu a carreira na USP: graduou-se em Direito, em 1972. Dois anos depois, concluiu o mestrado e, em 1996, tornou-se doutora.

Ela também teve passagem de destaque pela administração pública. Atuou como secretária de Justiça do Estao de São Paulo, entre 2007 e 2008, e secretaria municipal de Justiça da Prefeitura de São Paulo.

É um dos nomes que compõem a Frente da Mulheres Feministas, entidade em que atuou com Ruth Cardoso, Eva Blay, Marta Suplicy. Também teve papel fundamental no movimento negro, atuando ao lado de intelectuais do feminismo negro, como Sueli Carneiro e Léa Gonzalez.

Advogada, Eunice participou da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), integrando o conselho estadual, diretorias, comissões.

Manifesto suprapartidário

O documento é uma iniciativa suprapartidária que não menciona o nome do presidente da República Jair Messias Bolsonaro (PL). No entanto, trata-se de uma resposta às ameaças e ataques ao sistema eleitoral brasileiro, realizados pelo político.

O documento é inpirado na Carta aos Brasileiros, de 1977, redigido por Goffredo da Silva Telles Jr, contra o Regime Miltar, que perdurou no Brasil de 1964 a 1985

O manifesto em defesa da democracia e do sistema eleitoral também recebeu o apoio de diversos artistas. Entre os artistas, estão Fernanda Montenegro, Maria Bethânia, Chico Buarque, Caetano Veloso, Anitta, Lázaro Ramos, Camila Pitanga, entre outros.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação