MINAS GERAIS

PMs que espancaram jovem em MG entram na mira do Ministério Público

A Promotoria de Justiça de Abaeté, na Região Central de Minas Gerais, vai apurar a abordagem violenta de dois policiais militares

Bruno Luis Barros - Estado de Minas
postado em 18/08/2022 19:41 / atualizado em 19/08/2022 14:43
 (crédito:  Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

A Promotoria de Justiça de Abaeté, na Região Central de Minas, vai apurar a abordagem violenta de dois policiais militares contra o jovem Marcos Mendonça Gonçalves, de 23 anos. Na semana passada, o rapaz foi espancado após ser imobilizado durante uma ação policial no município de Paineiras. A namorada dele, Maísa Tavares, de 18, também foi agredida.

A promotoria confirmou à reportagem do Estado de Minas nesta quinta-feira (18/8) a abertura de um procedimento intitulado “Notícia de Fato”. O objetivo é analisar se há elementos suficientes que justifiquem a abertura de uma investigação – ou seja, um inquérito civil. Nesse sentido, as conclusões no laudo do Instituto Médico Legal e as imagens que flagraram o espancamento da PM estão entre os pontos que serão apreciados.

Nas imagens que ganharam as redes sociais – gravadas por uma testemunha que optou por não se identificar por medo de represálias –, o jovem cai no chão. Enquanto um dos policiais agride violentamente o rosto do rapaz, que tenta se proteger com os braços, outro militar segura suas pernas. Ele foi golpeado pelo menos 11 vezes e acabou desmaiando.

Para o advogado, que também é conselheiro seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Minas, o episódio é um claro abuso de autoridade.

“O resultado do exame do IML já saiu e constatou diversas escoriações. Hoje, meu cliente foi ao oftalmologista em decorrência de intensas dores. Fiz um pedido ao delegado da Polícia Civil para que o policial que deu os socos seja indiciado por tentativa de homicídio”, contou o advogado à reportagem.

Procurada pelo Estado de Minas nesta quinta-feira, a assessoria da Polícia Militar de Minas Gerais não comentou sobre as diligências em curso por parte do Ministério Público mineiro e voltou a afirmar “que foi instaurado, de imediato, um procedimento para apuração criteriosa dos fatos e adoção das medidas cabíveis”.

Na segunda-feira (15/8), o EM mostrou que o policial que agrediu Marcos Mendonça Gonçalves foi transferido para outro destacamento. Conforme o tenente-coronel Flávio Santiago, chefe do Departamento de Comunicação da PM em Minas, foi realocado para outra região e “está prestando serviços administrativos até que as investigações sejam concluídas”.

Entenda o caso

Na noite de sexta-feira (12/8), no município de Paineiras, na Região Central do estado, Marcos Mendonça Gonçalves, de 23 anos, foi espancado após ser imobilizado durante uma ação policial. As agressões resultaram em hematomas por todo o corpo, além de sete pontos na parte de trás da cabeça. A namorada Maísa Tavares, de 18, levou um soco de um dos militares ao tentar interromper a agressão contra o companheiro.

Conforme o boletim de ocorrência, a Polícia Militar teria recebido uma denúncia de que havia um homem soltando bombas em uma praça perto de crianças. Durante a abordagem, a PM alegou que foi desacatada com diversos xingamentos e, ao receber voz de prisão, Marcos teria resistido e “agrediu um dos militares com chutes e mordidas”.

“Visando se defender das agressões, e resguardar a vida dos militares, foi necessário fazer o uso da força com golpes de defesa pessoal”, justificou a PM.

Questionado sobre a versão dos policiais, o jovem negou ter sido agressivo. “Não os desacatei. E mesmo que tivesse feito isso, nada justifica o que fizeram. É um absurdo!”, declarou, na ocasião, em entrevista ao EM.

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