Tribunal de Justiça do Amazonas

Desembargador adverte advogada que amamentava o filho durante sessão on-line

A sessão online ocorreu na última segunda-feira (22/8) e foi interrompida pelo desembargador devido ao ruído vindo do áudio da advogada Malu Borges Nunes

Larissa Pinto*
postado em 23/08/2022 18:53 / atualizado em 23/08/2022 19:01
"A minha realidade é a de milhões de brasileiras - trabalhadora e mãe", escreveu a advogada. - (crédito: Reprodução/Youtube Segunda Câmara Cível TJAM )

Um vídeo de uma sessão plenária da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), na última segunda-feira (22/8), repercutiu nas redes sociais. Na sessão, realizada por videoconferência, o desembargador Elci Simões, do TJ-AM, repreendeu a advogada Malu Borges Nunes por ruídos provocados durante a sessão. O barulho, reportado pelo desembargador, se tratava do filho de um ano da advogada, que estava sendo amamentado.


O andamento da sessão foi interrompido pela repreensão do desembargador. "Eu queria pedir para a doutora Malu, quebra o silêncio das sessões do tribunal, interferências outras na sala em que a senhora está. Isso prejudica os colegas", iniciou. "Não deixe que outras interferências, barulhos, venham atrapalhar nossa sessão porque é uma sessão no tribunal, não pode ter cachorro latindo, criança chorando. Se a senhora tiver uma criança, coloque no lugar adequado. São barulhos que tiram a nossa concentração. A senhora precisa ver a ética da advogada”, completou o desembargador. 

Em seguida, Malu respondeu: "Ok, excelência. Agradeço a compreensão”.

Confira o momento a partir das 2:01:15 do vídeo


A advogada se manifestou diante da repercussão do caso e emitiu comunicado. "Nós mulheres só queremos que nossa voz seja ouvida, que nos respeitem no nosso ambiente de trabalho e na sociedade. Que nossa ética profissional não seja questionada por estarmos exercendo dupla/ tripla jornada sem qualquer tipo de apoio. A minha realidade é a de milhões de brasileiras - trabalhadora e mãe", escreveu a advogada. 

Em trecho da nota, a advogada ressalta a diferença de tratamento entre um homem com o filho de um ano e ela, mulher, na mesma situação. "Ao passo que eu fui condenada por estar com uma bebê resmungando (não chorando) na sessão, há uma semana um pai advogado teve preferência no seu processo no STJ por estar com o seu filho de 1 ano presente (matéria de repercussão nacional, inclusive). Mesmo diante da falta de compreensão com minha situação, continuarei sustentando amamentando ou com a minha filha próxima, que é o local adequado para ela", escreveu. 


O desembargador Elci Simões, comentou, por meio de nota emitida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, o ocorrido e disse que recomendou, de forma educada, o silêncio durante a sessão. “Em atenção a notícia ora colocada, foi realizada a devida ponderação sobre o cabimento da preferência pleiteada pela nobre advogada. Nesse ponto, em decisão colegiada, entendeu-se por indeferir o pleito, não se considerando que houvesse necessidade de priorização na pauta, ainda mais pelo fato de que a nobre causídica encontrava-se no regime de home office. Recomendou-se educadamente e com todo o cuidado evitar barulhos durante a sessão, ainda mais em respeito a presença de outros advogados em audiência pública complexa e extensa", diz parte da nota. 

*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori. 

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