Vacinação

Adesão da população a campanha contra poliomielite deixa a desejar

A campanha chegou a 6.560.319 doses aplicadas de todos os tipos, mas, no dia de maior pico, não passou de pouco mais das 570 mil doses diárias

Tainá Andrade
postado em 24/09/2022 03:55
 (crédito: Marcelo Camargo/Agencia Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo/Agencia Brasil)

A campanha de multivacinação e da imunização contra a poliomielite, que ocorre desde o dia 20 de agosto, está longe de atingir a meta de 95% de cidadãos vacinados. A baixa taxa de vacinação fez com que a data de fechamento fosse prorrogada do dia 9 para o dia 30 deste mês. Com apenas 35% do objetivo alcançado, a pasta quer reforçar a campanha de atualização da caderneta de vacinação de crianças, especialmente as menores de cinco anos, e adolescentes até 15 anos. Em vias de incentivar a adesão da população, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, marcará presença hoje em ato de vacinação, no Parque da Cidade, em Brasília (DF). Após o evento, Queiroga deve se dirigir a Cidade Estrutural, a 16 km da Esplanada.

Até ontem, a campanha chegou a 6.560.319 doses aplicadas de todos os tipos, mas, no dia de maior pico, não passou de pouco mais das 570 mil doses diárias. Os números deixam a desejar, ainda que campanhas de conscientização estejam sendo veiculadas nos principais meios de comunicação e em locais de grande circulação de pessoas.

Na multivacinação são ofertadas as doses para Hepatite A e B, Penta (DTP/Hib/Hep B), Pneumocócica 10 valente, Vacina Inativada Poliomielite (VIP), Vacina Rotavírus Humano (VRH), Meningocócica C (conjugada), Vacina Oral Poliomielite (VOP), Febre amarela, Tríplice viral (Sarampo, Rubéola, Caxumba), Tetraviral (Sarampo, Rubéola, Caxumba, Varicela), DTP (tríplice bacteriana), Varicela e HPV quadrivalente.

A tendência de baixa vacinação não é atual: desde 2016 problemas internos do sistema de saúde público e de diversas barreiras de acesso geraram queda na adesão da população. De acordo com Nésio Fernandes, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o maior problema foi a disseminação de teses antivacinas que surgiram desde 2020, o que levou à desconfiança da população.

O especialista aponta fragilização do próprio Ministério da Saúde no processo de combate às teses contrárias. "Quando se tem um ministro que diz que é a opinião dos pais é que importa, há rebaixamento do órgão no tratamento da pandemia. Toda a liderança de narrativa de figuras de Estado tem que ser de persuasão, de mobilização e de convencimento de que aquilo que se escolhe incorporar como tecnologia é o melhor para a sociedade", critica.

"A adesão voluntária e espontânea alcança a média de 80%, mas tem que chegar a 95%", salienta. O presidente destaca a necessidade de campanhas com comunicação efetiva. "Tem que ser persuasivas, não de problematização. Deve estabelecer comunicação firme, de liderança, não cautelosa, para não incomodar opiniões do Palácio do Planalto. Além disso, existem medidas compulsórias de estímulo, como participação em concursos mediante a vacina. Isso foi combatido pelas instituições", frisou. 

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