Direitos humanos

Governo nega anistia para suposta amante do ex-presidente João Figueiredo

Aposentada Edine Souza afirma ter sofrido perseguição política por manter uma relação extraconjugal com o general. João Figueiredo foi o último militar a presidir o país durante a ditadura

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos negou à aposentada Edine Souza Correia, 66 anos, o direito de anistia. Ela aguardava há 20 anos uma resposta da Comissão de Anistia para um pedido de reparação. Edine alega ter sido amante e mãe de um filho do general João Figueiredo, último presidente militar no Brasil.

Segundo a mulher, que trabalhava no Serviço Nacional de Informações (SNI), o término do relacionamento com o ex-presidente foi motivo ela ter sido perseguida politicamente. A aposentada afirma ter se relacionado com o general entre os anos 1970 e 1980 e baseia o pedido em documentos e supostas cartas de Figueiredo.

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A suposta ex-amante chegou a denunciar o ex-presidente por não assumir a paternidade do filho que, segundo ela, eles tiveram juntos, e que hoje tem mais de 40 anos. O general, que era casado, morreu sem admitir o relacionamento e se negou a fazer teste de DNA, entrando com uma queixa contra a mulher, alegando calúnia.

"Erroneamente arquivado"

O ministério responsável pelo caso informou ao jornal O Globo que a demora no processo de anistia de Edine se deu porque o caso foi "erroneamente arquivado sem a devida apreciação de recurso apresentado pela requerente", após o pedido ter sido indeferido pela primeira vez, em 2004.

Edine contou à publicação que foi perseguida e que tem provas sobre o caso. “Eu tenho todas as provas de que fui perseguida, de que fui injustiçada, mandada embora, sem justa causa. Com três filhos pequenos para criar, fui despejada do apartamento funcional em que morava. Fiquei na rua da amargura, igual mendigo na rua com filhos pequenos”, sustenta.

Segundo a matéria, Edine passou os últimos anos pressionando o órgão por meio de e-mails e telefonemas, para que seu caso fosse julgado. O caso foi reaberto em 2019 e fechado três meses depois. Hoje, a aposentada recebeu uma carta do ministério dizendo não haver mais possibilidade de recurso e que o processo seria arquivado por definitivo.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro