Assédio em Belém

CRM vai investigar médico que pediu voto a Bolsonaro para casal após parto

Em vídeo publicado pelo médico nas redes sociais, o médico aborda a mãe ainda sob efeito anestésico, mostra o bebê e reclama da camiseta vermelha usada pelo pai

Tainá Andrade
postado em 25/10/2022 16:14 / atualizado em 25/10/2022 16:15
 (crédito: Reprodução Redes Sociais )
(crédito: Reprodução Redes Sociais )

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará (CRM-PA) vai apurar a conduta de um médico de Belém que, após fazer o parto de um bebê na Maternidade do Povo, filmou a família e pediu que a mãe da criança declarasse voto no presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. As imagens compartilhadas pelo profissional nas redes sociais mostram a mãe ainda na maca; ele apagou o vídeo após a repercussão.

Nas imagens, o médico Allan Rendeiro mostra a mãe, aparentemente sob efeito anestésico, após o parto. Diante do pedido, ela vira o rosto duas vezes e não confirma o voto. “Essa aqui é a mamãe. Dia 30 ela vota?.… 22, diga. Vou mandar para o Bolsonaro esse vídeo, ele está em uma live especial”, diz o médico na gravação. A transmissão do presidente a qual o obstetra se refere foi realizada por Bolsonaro na última sexta-feira (21/10).

 

Além de mostrar a mulher, Allan ainda exibe o bebê no vídeo. “Já nasci 22. Vou votar no Bolsonaro”, narra. E continua a filmagem, mostrando o pai, que estava com uma camiseta vermelha por ser a vestimenta entregue pela maternidade para entrar no local.

"Eu vou começar a reclamar aqui no hospital. Para diferenciar o negócio do pai, eles botam uma roupa vermelha. O doido não vem dizer que vai votar no Lula. Eu digo: ‘Rapaz, tu quer que eu vá embora e nem opere ela'”, ironiza o médico.

O que diz o hospital

Com a repercussão, o médico apagou o vídeo da rede social. Mesmo assim, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará (CRM-PA) abriu investigação para apurar a conduta do profissional. "O Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará esclarece que efetivará todas as medidas legais previstas na Lei nº 3.268/57 e Resoluções do Conselho Federal de Medicina, a fim de apurar o fato."

A Maternidade do Povo destacou que Allan não é empregado e nem plantonista da maternidade, apenas atende suas pacientes no local, como é autorizado pelo CRM. Também esclareceu que até a publicação desta reportagem, nesta terça-feira (25), não recebeu nenhuma denúncia da família.

"É importante informar que tivemos conhecimento apenas pela notícia publicada por órgão de imprensa na data de hoje. Isso porque não houve qualquer reclamação, denúncia, ou mesmo registro de ocorrência por parte de quaisquer pacientes atendidas em nossa maternidade”, esclareceu a assessoria do hospital.

A direção da maternidade deixou claro, porém, que não compactua com a realização de campanha eleitoral pelos colaboradores nas dependências do hospital. “Reiteramos que qualquer conduta que consista em campanha eleitoral, não só não é praticada, como não é tolerada por essa instituição”, concluiu.

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