Protestos

Em São Paulo, passageiros dormem na rodoviária por cancelamento de viagens

Milhares de passageiros ficaram retidos nos terminais rodoviários da capital paulista após viagens serem canceladas em função dos bloqueios ilegais de rodovias realizados no país

Henrique Lessa
postado em 01/11/2022 16:42 / atualizado em 01/11/2022 16:43
Neste momento, em torno de 16h, algumas companhias retomaram a venda de bilhetes, mas ainda não confirmam se os veículos irão chegar para realizar as viagens -  (crédito: Henrique Lessa / CB / DA.Press)
Neste momento, em torno de 16h, algumas companhias retomaram a venda de bilhetes, mas ainda não confirmam se os veículos irão chegar para realizar as viagens - (crédito: Henrique Lessa / CB / DA.Press)

São Paulo - Milhares de pessoas estão retidas nas rodoviárias da capital paulista desde segunda-feira (31/10) , em função dos bloqueios ilegais que ocorrem nas estradas do país. Segundo nota da empresa Socicam, responsável para administração dos terminais rodoviários do Tietê — o maior da América Latina — e da Barra Funda, apenas nas últimas 24 horas, 880 ônibus foram afetados e tiveram suas viagens canceladas.

Segundo informações da empresa JCA, maior operadora individual no terminal do Tietê, que opera ônibus das marcas Cometa, 1001, Rápido Ribeirão, Catarinense e Expresso Sul, a empresa registrou, sozinha, mais de 50 viagens canceladas em função de veículos retidos nos bloqueios das estradas.

Irritados e cansados, passageiros seguem aguardando por uma solução das empresas. Em torno das 14h desta terça-feira (1º/11), partiu o primeiro ônibus da Cometa em quase 24 horas, com destino a Belo Horizonte. O veículo saiu no horário programado, não atendendo a todos os passageiros das viagens anteriores. A empresa ainda não definiu como fará para atender a demanda.

Uma das passageiras é a doméstica Érica Souza, 49 anos, moradora da cidade de Ribeirão Preto, distante 315 quilômetros da capital. Ela chegou às 20h de ontem ao terminal rodoviário e, ao tentar comprar o bilhete de volta para casa, foi informada de que a venda das passagens estava suspensa. Em São Paulo para encontrar amigas, ela está preocupada, após passar a noite na estação. Após 18 horas de espera, ela contou que sequer comeu temendo não ter dinheiro suficiente para o retorno à casa.

A empregada reclamou da inoperância da polícia em relação à interdição das vias: "Estão bloqueando, eu não entendo como a polícia está lá e ainda está bloqueado”. Érica disse discordar do motivo das manifestações. "Eu acho que eles não estão aceitando (resultado das urnas), mas foi o povo que escolheu. A gente tem que aceitar a perda também”, comentou.

O representante comercial José Carlos, 60 anos, estava em um congresso em São Paulo e tentava voltar para casa em Curitiba. Mesmo se declarando eleitor do presidente Jair Bolsonaro (PL), ele apontou que “todo mundo deve ter o direito de se manifestar, mas precisa respeitar o direito de ir e vir”. Após esperar três horas no terminal, decidiu chamar um aplicativo de transporte até a capital paranaense.

Na tarde de hoje, algumas companhias retomaram a venda de bilhetes, mas ainda não confirmam se os veículos irão chegar para realizar as viagens.

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