A Polícia Federal (PF) abriu, ontem, inquérito para investigar a atuação do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, relacionada às manifestações de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que bloquearam as rodovias federais inconformados com a vitória nas urnas do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Sila (PT). Ele deve ser chamado para depor nos próximos dias e o objetivo da investigação é apurar se a corporação que comanda cometeu eventuais abusos desde o segundo turno da eleição.
O caso vai tramitar na Superintendência da PF no Distrito Federal e as informações colhidas pelas unidades da corporação em outros estados serão enviadas para compor o inquérito. A investigação foi solicitada pelo Ministério Público Federal (MPF).
O primeiro fato a ser apurado é a conduta de Vasques na realização das blitze da PRF em 30 de outubro, quando se realizou o segundo turno das eleições. Segundo denúncias que inundaram as redes sociais naquele domingo, em vários municípios do Nordeste equipes estavam parando ônibus e carros supostamente sem condições de rodar nas estradas e, assim, prejudicando o fluxo das pessoas que queriam votar. A suspeita é de que pretendiam impedir que os eleitores chegassem às zonas com as urnas eletrônicas, uma vez que Lula tinha liderança folgada sobre Bolsonaro no Nordeste.
Naquele mesmo domingo, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, proibiu a corporação de realizar operações que prejudicassem o transporte de eleitores — Silvinei, inclusive, foi convocado a dar explicações sobre as blitze ao ministro. A PF vai apurar se o diretor-geral da PRF descumpriu a decisão da Corte.
Além disso, Silvinei foi acusado de se omitir nos bloqueios de rodovias feitos por radicais bolsonaristas. Desde o resultado do pleito, parte dos caminhoneiros e outros apoiadores do atual presidente passou a realizar protestos pelo país e fechar rodovias federais. Mas desde quarta-feira, a PRF garante que não existe mais interrupção de trânsito nas estradas.
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Empresários
Também ontem, o MPF denunciou três empresários do Mato Grosso do Sul por financiarem atos antidemocráticos. De acordo com os procuradores, eles vão responder por "incitar, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade".
Os investigados são dois empresários, um do ramo de restaurantes e outro proprietário de loja de insumos agropecuários, além da responsável pelo Centro de Tradições Gaúchas (CTG) do município de Dourados.
Segundo a denúncia, o dono do restaurante era responsável pelo fornecimento de comida aos manifestantes que impediram o tráfego de veículos na rodovial estadual MS-162. Ele também é acusado de pedir a atuação das Forças Armadas contra o Estado Democrático de Direito nas redes sociais.
Já o empresário do ramo agropecuário está sendo apontado por enviar todos os veículos de sua empresa — mais de 50 carretas — para a frente da sede da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada. Já a responsável pelo CTG de Dourados cedeu a estrutura do local, que fica próximo ao quartel, para fins logísticos e de manutenção do movimento antidemocrático.
"Para além do exercício da liberdade de expressão, os denunciados incentivam atos golpistas e que incitam as Forças Armadas a agirem contra o resultado das eleições legitimamente reconhecido como válido pelo Tribunal Superior Eleitoral", acusa o MPF.
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