JULGAMENTO

Netas de Flordelis acusam pastor Anderson, morto em 2019, de abuso sexual

Lorrayne foi questionada pelo Ministério Público sobre a razão de não ter relatado os supostos abusos de Anderson à Polícia Civil

Agência Estado
postado em 12/11/2022 11:27 / atualizado em 12/11/2022 11:28
 (crédito:  Brunno Dantas/TJRJ)
(crédito: Brunno Dantas/TJRJ)

No quinto dia do julgamento da pastora, cantora e ex-deputada federal Flordelis dos Santos de Souza, de 61 anos, no fórum de Niterói (Região Metropolitana do Rio), nesta sexta-feira (11/11) as sete últimas testemunhas de defesa da ré acusaram o pastor Anderson do Carmo (marido e de cujo assassinato a pastora está sendo acusada) de praticar assédio e abuso sexual contra filhas e netas afetivas, além de outras condutas reprováveis.

Duas netas de Flordelis, filhas biológicas de Simone dos Santos Oliveira e André Luiz de Oliveira, que também são réus nesse mesmo processo - Lorrayne dos Santos Oliveira e Rafaela dos Santos Oliveira - prestaram os depoimentos mais fortes contra a vítima.

Rafaela contou que, em uma noite durante um período de férias em 2018 ou 2019, estava deitada no quarto que dividia com a mãe e outros quatro familiares. Foi quando alguém entrou, sentou-se em seu colchão, aos seus pés, e começou a passar as mãos pelo seu corpo. As outras pessoas estavam no quarto. Aparentemente dormiam.

"Senti uma mão subindo pela coxa e não conseguia reagir. Quando abri o olho vi o Niel (apelido do pastor Anderson) de blusa regata branca sentado", narrou a testemunha. "Ele subiu a mão pelas minhas coxas e introduziu o dedo, eu fechei a perna e virei para a parede."

Segundo Rafaela, quando ela girou o corpo, a cama de madeira fez barulho. Sua mãe despertou e identificou o pastor, que se assustou e se levantou. Anderson foi embora.

"Era época de férias, e eu não tinha aula no dia seguinte, então fiquei em casa, mas passei o dia fugindo da minha mãe, para não conversar sobre o que tinha acontecido. Quando ela perguntou se tinha acontecido algo na noite anterior, eu disse que não tinha acontecido nada", concluiu.

A irmã dela, Lorrayne, afirmou não ter sido vítima de abuso semelhante. Mas acusou o pastor de tentar leva-la a um motel, com o pretexto de almoçarem, em uma tarde em que estavam a caminho da igreja. Ela se recusou e não houve desdobramentos, segundo contou aos jurados. Lorrayne narrou outras supostas condutas reprováveis do pastor. Disse já ter sido alvo de tentativa de agressão por ele. Flordelis teria interrompido essa briga.

Lorrayne foi questionada pelo Ministério Público sobre a razão de não ter relatado os supostos abusos de Anderson à Polícia Civil, durante o interrogatório. Disse que, até a morte do pastor, não considerava a conduta do pastor abusiva. Ela afirmou ter tomado consciência de que se tratava de abusos pela advogada Janira Rocha. Ela assumiu como uma das advogadas de defesa de Flordelis após o crime.

Para o advogado Ângelo Máximo, assistente de acusação, a afirmação de Lorrayne de que a conduta do pastor só foi considerada inadequada depois de sua morte contradiz a suposta tese da defesa de que o comportamento abusivo dele teria sido causa do crime. "Essa tese foi derrubada pela afirmação da Lorrayne", afirmou Máximo ao fim do depoimento.

O advogado Rodrigo Faucz, um dos advogados de defesa, afirmou que "ficou bem clara a conduta de predador sexual do pastor". "Não há nenhuma prova concreta de que os réus cometeram o homicídio", afirmou

O julgamento recomeça às 10h deste sábado, com a oitiva dos cinco réus - Flordelis, Simone, André, Marzy Teixeira da Silva (outra filha afetiva de Flordelis) e Rayane dos Santos Oliveira, neta de Flordelis. Depois haverá debates entre a defesa e a acusação, e o julgamento pode terminar no domingo.

Durante a investigação da Polícia Civil, Lorrayne foi acusada por um mototaxista de ter jogado três celulares no mar. Os aparelhos seriam de Anderson, de Flordelis e de Flávio, filho do casal já condenado por disparar os tiros que mataram o pastor. Interrogada pelo Ministério Público, Lorrayne admitiu ter ido até a praia de Piratininga, em Niterói, com o motorista, mas negou ter dispensado qualquer celular. O telefone de Anderson desapareceu. Nunca foi localizado pela polícia.

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