Roraima

Comando articula operação contra invasores nas terras ianomâmis

Nos últimos três dias, aviões caça Super Tucano, da Força Aérea Brasileira (FAB), fizeram voos de reconhecimento da terra indígena, fotografando e levantando informações sobre localização de garimpos

Vinicius Doria
postado em 04/02/2023 03:55
 (crédito:  FAB/Divulgação)
(crédito: FAB/Divulgação)

As Forças Armadas estão transferindo para Boa Vista, neste fim de semana, o comando das ações de repressão ao garimpo ilegal na Terra Indígena (TI) Yanomami, em parceria com a Polícia Federal (PF). Ontem, o Ministério da Defesa ativou o Comando Operacional Conjunto (COC) das forças militares, que começa a operar na capital de Roraima na segunda-feira. As primeiras incursões contra os invasores serão deflagradas até a próxima sexta-feira.

Nos últimos três dias, aviões caça Super Tucano, da Força Aérea Brasileira (FAB), fizeram voos de reconhecimento da terra indígena, fotografando e levantando informações sobre localização de garimpos e pistas de pouso, além de rotas de tráfego de pessoas e suprimentos. Na próxima quarta-feira, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, irá a Roraima com os comandantes militares para conhecer a estrutura do COC e acompanhar o andamento da Operação Escudo Ianomâmi — como foi batizada a ação militar na região.

Desde quarta-feira, a Aeronáutica coordena medidas de restrição do espaço aéreo de Roraima definidas com a implantação da Zona de Identificação de Defesa Aérea (Zida). Estão proibidos os voos comerciais e particulares sobre praticamente toda a área dos ianomâmis. Nas regiões adjacentes, há restrições de acordo com a identificação e a finalidade das aeronaves.

Expansão

As áreas de exploração ilegal na terra ianomâmi aumentaram de 0,1km² para 4,2km², entre 2016 e 2020, segundo aponta um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade do Sul do Alabama, nos Estados Unidos, publicado na revista Remote Sensing. Na Amazônia Legal, a área ianomâmi é uma das mais atingidas pela mineração irregular, segundo a pesquisa, ficando atrás, apenas, das TIs dos caiapós (77,1km² de área ocupada) e dos mundurucus (15,6km²), ambas no Pará. Os pesquisadores concluíram, também, que a maior parte do garimpo ilegal em reservas indígenas da Amazônia se dedica à extração de ouro (99,5%), enquanto a mineração de estanho ocupa 0,5% da área.

De acordo com o estudo, o isolamento das terras dos ianomâmis contribuiu para dificultar o acesso de garimpeiros nas últimas três décadas. Mas, com o aumento da cotação do ouro e o enfraquecimento da fiscalização, Roraima virou a nova fronteira da mineração. Atualmente, organizações não governamentais que atuam no estado estimam que há mais de 20 mil garimpeiros extraindo ouro nos rios que cortam a TI, número que se aproxima da população indígena na região — cerca de 26 mil pessoas.

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