Terra Indígena

Operação da PF asfixia comércio de ouro ilegal extraído da Terra Yanomami

Entre os investigados estão empresários que atuam no comércio de ouro e joias em São Paulo, donos de empresas de engenharia, telecomunicações, limpeza, equipamentos elétricos e de revenda de camarão

Vinicius Doria
postado em 15/02/2023 03:55
 (crédito: Divulgação)
(crédito: Divulgação)

O cerco ao comércio de ouro ilegal extraído da Terra Indígena Yanomami fez com que agentes da Polícia Federal cumprissem, ontem, mais 16 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Goiás e Roraima, no âmbito da Operação Avis Aurea (ave dourada, em latim). Pelo menos 17 pessoas e nove empresas estão envolvidas, segundo apurou o Correio. No endereço de um dos suspeitos, os policiais encontraram diamantes. De acordo com a PF, a quadrilha enviava dinheiro vivo para Boa Vista, que era usado na compra do ouro ilegal em um esquema que teria movimentado, em cinco anos, R$ 422 milhões. Uma das empresas suspeitas de integrar a rede criminosa já era investigada pela corporação após a descoberta de 111kg de ouro em um avião apreendido em Goiânia.

Entre os investigados estão empresários que atuam no comércio de ouro e joias em São Paulo, donos de empresas de engenharia, telecomunicações, limpeza, equipamentos elétricos e de revenda de camarão. Um dos suspeitos já foi preso por suspeita de integrar uma quadrilha especializada em furtar objetos e valores em residências de luxo no Distrito Federal. Advogados e um funcionário público municipal de Boa Vista também foram alvo da operação, assim como um funcionário de uma empresa aérea que atua na capital de Roraima, que seria responsável pelo embarque do ouro ilegal despachado em aviões de carreira para receptadores em outros estados.

Rota da ilegalidade

De acordo com as investigações, a quadrilha usava motoristas para enviar por via terrestre, em viagens que duravam mais de uma semana, grandes somas de dinheiro — captado de pessoas físicas e jurídicas das regiões Sudeste e Centro-Oeste — para Boa Vista. Lá, era usado para comprar ouro sem registro extraído nos garimpos ilegais da reserva indígena. Os bens de todos os envolvidos foram bloqueados por ordem da 4ª Vara da Justiça Federal em Roraima.

As investigações tiveram início após a Polícia Rodoviária Federal apreender mais de R$ 4 milhões em espécie no interior de um veículo abordado em Cáceres, Mato Grosso. O dinheiro estava sendo levado para Roraima. Na sexta-feira da semana passada, a Polícia Federal já havia cumprido mandados de busca e apreensão em Boa Vista contra suspeitos de lavar dinheiro do garimpo ilegal. Entre os alvos estavam Vanda Garcia de Almeida e Fabrício de Souza Almeida, respectivamente irmã e sobrinho do governador do estado, Antônio Denarium (PP). Outros parentes do governador, cujos nomes não foram divulgados, também estão sob investigação.

A asfixia da rede de comércio e lavagem de dinheiro do ouro ilegal é um dos braços da operação que está desmontando a estrutura clandestina de extração de ouro da Terra Indígena Yanomami.

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