direitos humanos

"Exploração de um problema muito sério", diz ministro após receber réplica de feto

Ao rebater a intimidação, o ministro ainda classificou o gesto de "performance" e "escárnio"

Correio Braziliense
postado em 28/04/2023 03:55 / atualizado em 02/05/2023 11:45
 (crédito: Pedro França/Agência Senado)
(crédito: Pedro França/Agência Senado)

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, foi aplaudido de pé durante uma sessão no Senado, ontem, quando se recusou a receber do senador Eduardo Girão (Novo-CE) a suposta réplica de um feto de 11 semanas. Ao rebater a intimidação, o ministro ainda classificou o gesto de "performance" e "escárnio".

"Não quero receber isso por um motivo muito simples: vou ser pai agora e sei muito bem o que significa. É uma performance que repudio profundamente. Com todo respeito, é uma exploração inaceitável de um problema muito sério no país. Em nome da minha filha que vai nascer, me recuso a receber isso aí. Isso é um escárnio!", rechaçou Almeida, batendo na mesa. Girão ficou paralisado com a reação e voltou ao lugar que ocupava.

As pessoas presentes na sessão levantaram para aplaudir o ministro, que completou o que dizia dirigindo-se a Girão: "Senador, com todo o respeito, respeitando o seu cargo, não vou aceitar esse tipo de coisa. Sou um homem sério, e acredito que o senhor também seja. Esse tipo de performance, aqui, não é o que condiz com a minha maneira de ver a política", afirmou. O vice-líder da oposição se defendeu afirmando que não pretendia debochar de Almeida, mas que tratava-se de uma manifestação "pela vida".

O embate entre eles ocorreu durante a sessão em que o ministro apresentava à Comissão de Direitos Humanos do Senado as prioridades da pasta para os próximos anos. "Já que a gente entrou na questão da dignidade humana, vou materializar a entrega dessa 'criança' com 11 semanas de gestão", disse o senador, ao se levantar na direção de Almeida.

"Presentinho"

Momentos antes, a senadora Damares ALves (Republicanos-DF) disse que tinha levado um "presentinho" para o ministro: "A gente vai entregar para o senhor, com muito carinho, porque às vezes as pessoas não entendem o que a gente está fazendo. Não estamos querendo apenas que a criança viva tenha direitos garantidos, mas também a criança por nascer. Vou deixar com o senhor um bebezinho de 12 semanas", disse a parlamentar.

Após a fala de Almeida, Girão pediu desculpas ao ministro pelo episódio: "Isso não é brincadeira, isso é seriedade. Só quero fazer um contraponto muito respeitoso ao ministro, dizendo que não foi brincadeira. Isso é algo seriíssimo", lamentou.

Nas redes sociais, a primeira-dama Janja Lula da Silva apoiou a fala do ministro: "Você é gigante, eles são um nada, a mais fiel representação da mediocridade", tuitou.

O ministro Flávio Dino, da Justiça e da Segurança Pública, também comentou a sessão em suas redes, criticando a forma como o aborto foi tratado por Girão: "A direita brasileira não consegue, no atual momento, produzir líderes sérios, que façam o debate político com conteúdo e decoro? Por que tanta baixaria, mentiras, agressões, performances de mau gosto?", questionou. (Colaborou Raphael Felice)

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