CONFLITO AGRÁRIO

Propriedade da senadora Tereza Cristina é invadida por sem-terra

O episódio aconteceu na madrugada de sábado para domingo e foi resolvido pacificamente pela PM, que foi acionada. O grupo, de cerca de 20 pessoas, está acampado próximo ao terreno e alegou terem entrado para buscar madeira

Tainá Andrade
postado em 30/04/2023 20:46 / atualizado em 30/04/2023 20:49
 (crédito: Antonio Araujo/MAPA)
(crédito: Antonio Araujo/MAPA)

Manifestantes do Movimento Sem-Terra (MST) entraram, neste domingo (30/4), em mais uma propriedade, no município de Terenos, em Mato Grosso do Sul (MS). Dessa vez, o local é a Fazenda Santa Eliza, que pertence à senadora e ex-ministra da Agricultura e Pecuária Tereza Cristina (PL-MS) e mais quatro irmãos.

Um grupo de cerca de 20 pessoas invadiu a propriedade e deixou o terreno de forma pacífica após a chegada da Polícia Militar ao local. A invasão ocorreu na madrugada e foi confirmada pela assessoria da senadora. Segundo o advogado da família, Lucas Dieterich Spindola Brenner, o grupo entrou na propriedade para pegar madeira. Os proprietários querem identificar as pessoas e pretendem tomar medidas judiciais.

As pessoas não estavam com adereços característicos do movimento, mas seguem acampados em um terreno conhecido por “corredor” na região, por estar localizado no entorno de fazendas.

A fazenda tem 1.300 hectares, fica a 25km de Campo Grande, e é produtiva. Cada um dos irmãos tem um pedaço para desenvolver as suas atividades. A coordenada pela senadora é responsável pelo confinamento de gado.

Em nota assinada pela direção estadual do MST no Mato Grosso do Sul, o movimento repudia a vinculação à ação ocorrida nas áreas vinculadas à senadora Tereza Cristina. Eles afirmam que não invadiram a fazenda e que essa é mais uma tentativa de distorcer a imagem dos sem-terra.

“O MST em Mato Grosso do Sul vem, por meio desta nota, afirmar que não realizou ocupação em áreas ligadas à senadora Tereza Cristina (PP), em Terenos, MS. Ainda que seja figura proeminente do agronegócio e tenha em seu histórico a condução do Ministério da Agricultura durante o governo Bolsonaro, o MST não organizou nem apoiou nenhuma ação em latifúndios da senadora”, declararam.

“Em um momento de avanço da criminalização contra o MST, por meio, por exemplo, da instalação de uma CPI ilegal contra nós, tais vinculações só servem para incitar a sociedade contra a luta legítima do Movimento”, complementaram.

Abril Vermelho

 A ação aconteceu ainda no mês em que o MST realiza o Abril Vermelho, uma alusão aos 19 mortos no massacre de Eldorado do Carajás (PA), em 1996. Ao todo, o movimento já fez 29 ocupações em abril, duas foram em áreas pertencentes à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) — em Mato Grosso e em Pernambuco.

A situação começou a ser destensionada quando o governo abriu um diálogo e, na quarta-feira (19/4), o movimento se comprometeu a desocupar as terras da Suzano, no Espírito Santo, e da Embrapa, em Pernambuco.

Sobre as ações do Abril Vermelho, a nota da direção do MS esclarece que realizaram diversas ações entre elas estão a de ocupação de terras. Segundo eles, dentro do estado eles aprofundaram a relação com os indígenas, pois entendem que a luta dos dois segmentos sociais é a mesma, já que “a concentração de terras pelas elites agrárias atinge a ambos”.

"No último período, aprofundamos nossas ações de solidariedade, principalmente, com indígenas. A partir dos nossos cinco acampamentos e diversos assentamentos no estado, doamos centenas de quilos de alimentos saudáveis, além de sementes agroecológicas para diversas comunidades indígenas."

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