Moradores de uma região tomada por um dos problemas sociais mais fortes do país, pais e mães de alunos que residem na região central de São Paulo, onde se instalou a nova Cracolândia, saem de casa munidos de apitos, poucos pertences e até mesmo facões para levar os filhos à parada de ônibus, onde pegarão o transporte que os levarão até o centro de ensino em que estudam.
As informações são da Folha de S. Paulo, que entrevistou mães e pais que utilizam desta tática para evitar a aproximação de bandidos ou dependentes químicos que buscam objetos de algum valor para trocar por drogas. Quem mora na região, pode ouvir o barulho dos apitos nas primeiras horas da manhã.
De acordo com o grupo, o barulho do equipamento soa como um convite para que as mães da região, que abrange os bairros de Campos Elíseos e Santa Cecília, se juntem e caminhem em grupo ao ponto de ônibus, de forma a afugentar assaltantes. Além de tentar fugir de roubos, a adoção do apito — considerado primitivo em meio à conjuntura tecnológica atual — ocorre com o objetivo de se comunicar com as outras famílias sem correr o risco de perder um equipamento caro, como o telefone celular.
Outra tática usada por um morador do centro paulistano no caminho à parada de ônibus é o facão, considerado uma peça fundamental para garantir a segurança da família, segundo ele. O homem conta que já o tentaram assaltar com uma faca de cozinha. "Se eu estiver com esse facão, talvez eles desistam", disse. Diferente do equipamento sonoro, o uso do facão contraria a orientação dos órgãos de segurança, que é de nunca reagir a um assalto.
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Reforço policial e redução das ocorrências
A secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirma, em nota, ter intensificado as ações policiais na região da Cracolândia, "o que resultou em diversas operações realizadas na área pelas polícias Militar, Civil e Técnico-Científica".
Entre janeiro e abril deste ano, o órgão registrou a prisão de 990 suspeitos de realizar roubos e furtos, 49% mais do que no mesmo período do ano passado, quando foram 665. Só em abril, afirma a nota, foram 238 presos.
Segundo a SSP, o policiamento na Cracolândia ocorre diuturnamente e teve seu corpo pessoal reforçado com mais de 120 homens, sendo 80 em motocicletas. O governo estadual também destacou que a atuação da Polícia Civil foi ampliada na região, com a atuação de 50 agentes.
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