HOMOFOBIA

Bailarino sofre homofobia em condomínio ao gravar vídeo como drag queen

Renan Silveira, que faz parte do ballet da cantora Luísa Sonza, gravava um vídeo quando foi abordado por um morador que reclamou da roupa e coreografia do bailarino

Helena Dornelas
postado em 26/06/2023 22:49 / atualizado em 26/06/2023 22:58
 (crédito: Reprodução Tik Tok @renansillveira)
(crédito: Reprodução Tik Tok @renansillveira)

O bailarino Renan Silveira sofreu um ataque homofóbico no condomínio onde mora, em São Paulo, enquanto gravava um vídeo de dança montado como drag queen. O artista, que faz parte do elenco do ballet de Luísa Sonza, filmou o momento em que um morador o aborda e se revolta pelo dançarino aparecer vestido como drag queen. 

No vídeo, o homem argumenta que iria "impedir essa porra" e que Renan não poderia usar a quadra do condomínio, pois não praticava nenhum esporte. Renan estava em uma quadra vazia usada para beach tennis e havia recebido a autorização do síndico do condomínio para gravar o vídeo. Ele argumenta que dança também é um esporte, mas o homem rebate: "Para você, do seu jeito, pra mim não pode, pra mim não pode". 

Na quadra, o agressor diz que Renan está "totalmente fora do padrão do condomínio”. Durante as gravações, o artista usava um maiô coberto por uma calça esportiva. Ele também rebate a posição do vizinho, já que é comum o uso de roupas de banho na prática do beach tennis — um esporte que costuma ser praticado na praia. 

Pelas redes sociais, Renan publicou um desabafo sobre o episódio. "Eu não me monto regularmente (como drag), e esse não é o meu trabalho, mas quis criar esse personagem para um vídeo de dança e isso infelizmente me mostrou uma realidade que é difícil de enfrentar", escreveu. "Estou muito abalado ainda com toda essa situação que me gerou muita ansiedade e medo de morar na minha própria casa, vivo sim em condomínio, um ambiente de comunidade e por isso devo respeitar a todos, do mesmo jeito que eu quero ser respeitado", completou. Confira o vídeo:

 

@renansillveira DRAG É ARTE E LIBERDADE DE EXPRESSÃO - HOMOFOBIA É DISCRIMINAÇÃO E CRIME O vídeo da coreografia vem em breve, mas isso aqui não poderia passar batido. #mesdoorgulho ? som original - Renansillveira

 

Bailarino entrara com ação na Justiça

Emanuela de Araujo, advogada de Renan, confirmou que a vítima tinha autorização do condomínio e que entrará com ações cabíveis contra a situação. “Pela via judicial, iremos fazer uma representação criminal para apuração do crime de homofobia, e administrativamente notificar o condomínio.”

“Também iremos realizar a denúncia junto à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania que irá promover a instauração do processo administrativo para apuração e imposição das penalidades cabíveis. Na esfera cível, diante da comprovação do crime de homofobia, será ajuizado uma ação de danos morais”, sinalizou a advogada.

Confira a nota completa da defesa de Renan:

"Na tarde do dia 23/06/2023, o bailarino e coreógrafo Renan Silveira foi vítima de homofobia nas dependências do condomínio onde reside, na cidade de São Paulo capital.

Renan Silveira foi impedido de realizar uma gravação, que anteriormente fora autorizada pelo síndico. O conteúdo seria veiculado em suas redes sociais, porém, segundo os indivíduos que o constrangeram, Renan estaria infringindo as “regras do condomínio”.

A intransigência se configura em externalização de preconceito em razão da vestimenta que a vítima trajava no momento dos ataques, ou seja, em razão de sua sexualidade.

Enfatizamos nosso repúdio e rechaçamos com veemência todos os ataques sofridos por Renan. Diante de tais fatos, informamos que estão sendo propostas todas as medidas judiciais cabíveis, nas esferas cível e criminal e, de forma administrativa."

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação