sociedade

Censo 2022 constata: famílias estão cada vez menores

Dados do IBGE confirmam que o número médio de moradores por residência caiu de 3,31, em 2010, para 2,79, em 2022 — queda de 18,7%. Redução foi mais acentuada do que a registrada entre 2000 e 2010

Victor Correia
Isabel Dourado*
Natália Peronico*
postado em 29/06/2023 03:55
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A redução no crescimento populacional brasileiro também reflete no tamanho das famílias. Segundo os dados do Censo 2022, divulgados nesta quarta-feira, o número médio de moradores por residência caiu de 3,31, em 2010, para 2,79, em 2022 — uma queda de 18,7%. A redução é ainda mais acentuada do que a registrada entre 2000 e 2010.

Já o número de domicílios saltou 34% nos últimos 12 anos, chegando a 90,7 milhões. Desses, 72,4 milhões estavam habitados no período da pesquisa realizada pelo IBGE. Os recenseadores também constataram 66 mil moradias improvisadas e 150 mil coletivas.

Segundo o IBGE, o aumento na quantidade de lares está diretamente relacionado ao crescimento expressivo de habitações vagas e às de uso ocasional. Domicílios vazios chegaram a 11,4 milhões, um salto de 87%, e os de uso ocasional atingiram 6,7 milhões, crescimento de 70%.

O Censo é o levantamento populacional mais importante do país, e o de escala mais abrangente, servindo de base de outras pesquisas, como as PNADs (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). É a única metodologia capaz de chegar a todas as regiões do Brasil, coletar informações diretamente dos municípios e fornecer uma base sólida para a formulação de políticas públicas. Especialistas ouvidos pelo Correio destacaram as principais constatações do Censo 2022, divulgado ontem, e o que eles dizem sobre a realidade brasileira.

"O Censo é que dá a granularidade para você ver a população. As pessoas não moram em um país, ou em estados. Elas moram em bairros, que ficam em cidades. Você precisa ofertar escolas, serviços de saúde e, para isso, precisa saber quantos são os moradores, o que fazer, qual a renda, do que eles precisam", explicou o diretor da FGV Social, Marcelo Neri.

Realidade

Para ele, os dados refletem uma realidade que já é observada na população brasileira, embora tenha surpreendido pela dimensão: a redução na taxa de crescimento, de 0,52% ao ano, produto do envelhecimento da sociedade e da redução da natalidade.

Já sobre o movimento em direção as cidades médias em detrimento das grandes, ele acredita que pode ser influência da pandemia da covid-19 e do envelhecimento da população, que procura locais mais calmos para viver. O aumento na prosperidade de uma região também influencia o movimento. Ele cita o exemplo de Balneário Camboriú (SC), uma das cidades que mais cresceram e, também, uma das mais ricas do país. "A economia atrai a população", disse Neri.

O professor do Departamento de Geografia da Universidade de Brasília (UnB) Fernando Sobrinho, destaca que o levantamento — que, em condições normais, ocorre a cada 10 anos — é a base para a gestão pública em todos os níveis da Federação. "A primeira importância é que o Censo é produtor de dados. A gente só faz planejamento se temos informações a respeito da população brasileira e de outros indicadores", frisou.

Entre os dados apresentados ontem, Sobrinho destacou que o Distrito Federal e Roraima foram as únicas unidades da Federação que viram crescimento de população em todos os seus municípios — o DF só tem um, Brasília. Mas, em Roraima, o crescimento foi puxado, segundo o professor, pela expansão da fronteira agrícola e pela entrada de refugiados venezuelanos. 

*Estagiárias sob a supervisão de Fabio Grecchi

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