homofobia

Pastor André Valadão condena comunidade LGBTQIAP+: 'Deus odeia o orgulho'

No Mês do Orgulho, o pastor da Igreja Lagoinha fez uma pregação em que condena o movimento e afirma que "a figura da palavra orgulho é Lúcifer"

O pastor André Valadão fez um culto, no domingo (4/5), na Igreja Lagoinha em Orlando, em que condenou a palavra “orgulho”. A pregação poderia ser um sermão sobre humildade se não fossem as cores do arco-íris estampadas nos telões do templo evangélico. No palco da igreja, o líder religioso falou, durante 50 minutos, sobre o movimento LGBTQIAP+ e, atrás dele, a frase “Deus odeia o orgulho” ditou o tom do discurso.

Sem usar as palavras “gay”, “lésbica” ou “LGBT”, durante maior parte do culto, Valadão falou sobre o mês de junho — um mês de luta pelos direitos da comunidade LGBTQIAP+, também chamado de Mês do Orgulho. Veja trecho: 

“Deus odeia o orgulho. Deus não tolera. Uma das palavras mais difíceis para Deus é orgulho. Deus odeia, ele repugna, qualquer atitude de orgulho. Só o uso da palavra orgulho Deus já abomina”, disse Valadão, ovacionado pelos fiéis da igreja logo após proferir as palavras. O pastor ainda alegou que “qualquer movimento que carrega o termo orgulho, Deus abomina”.

Rodeado de símbolos e palavras de ordem contra o orgulho LGBTQIAP+, Valadão pregou que o mês de junho é o “mês que Deus mais repugna na humanidade” e que, se necessário, ele e a igreja irão meditar sobre a bíblia “todo mês de junho até Jesus voltar”, para combater “a cultura LGBTQIA+ influenciando a vida do crente em Jesus”. “Um cachorro late quando seu dono é atacado e eu seria um covarde se eu visse que a verdade de Deus é atacada e, ainda assim, permanecesse em silêncio”, argumentou o pastor, citando o teólogo João Calvino.

“A figura do orgulho é Lúcifer. A figura da palavra orgulho é o anjo caído, é alguém que, debaixo dos seus atributos, dons e possibilidades, quis se igualar a Deus [...] orgulho é dizer: ‘eu não preciso de Deus’. O símbolo do orgulho, na bíblia, é Lúcifer e a palavra mostra que Deus não tolerou Lúcifer”, defendeu Valadão.

A cultura e mídia impõem os costumes LGBTQIA+ na sociedade, diz Valadão

O pastor, que é líder da Lagoinha Global — igreja que conta com mais de 70 templos no Brasil e no mundo —, mora em Orlando, nos Estados Unidos, e afirmou durante o culto que marcas, bilionários e mídia fazem um conluio para impor uma agenda muito forte onde o "não crente quer dizer pro crente como o crente tem que viver".

Para embasar seus argumentos, Valadão usou passagens bíblicas que falam sobre sexualidade e orgulho. “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o reino de Deus? Eu amo essa frase, essa pequena frase: não se deixem enganar”, continuou o pastor. “Nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o reino de Deus”, citou o que ele atribuiu ao livro bíblico de Coríntios — mesmo que a bíblia não cite as palavras citadas por ele. 

“A minha preocupação aqui é porque hoje 57% da família cristã aceita o mês do orgulho. Hoje 57% da família evangélica e que se diz cristã não se opõe ao arco-írizinho nas lojas. 57% das famílias evangélicas hoje trata com normalidade a prática do pecado da homossexualidade”, alegou Valadão. O pastor garantiu ainda que durante todo o mês do orgulho vai “apontar o caminho da santidade”, porque isso está sujando e destruindo aquilo que Deus construiu.

“Deus não destruiu a humanidade por causa de roubo, assassinatos ou idolatria. Deus destruiu a humanidade por causa da imoralidade sexual. Imoralidade sexual é um pecado grave. Não sou eu que estou dizendo, é a bíblia que diz: homossexuais passivos ou ativos não herdarão o reino de Deus”, ressaltou Valadão.

Nas redes sociais, internautas se voltaram contra as alegações feitas por Valadão. “Aproveita e ensina que homofobia também é pecado, além de ser crime”, exclamou um usuário do Instagram. “Deus não odeia ninguém”, “Deus e ódio não cabem na mesma frase”, “Tá seguindo o Deus errado” e “Deus nos livre dessa gente que se diz ‘crente’ e age assim”, foram alguns dos comentários feitos na publicação da Igreja Lagoinha sobre o assunto.

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