Funcionalismo

Dados não mostram representatividade no setor público, diz pesquisa

O levantamento da FGV aponta que nenhum dos estados brasileiros divulga dados para análise de diversidade sobre cor, raça ou origem étnica dos ocupantes de cargos no setor público

Agência Brasil
postado em 25/07/2023 11:51 / atualizado em 25/07/2023 11:53
Não é possível traçar perfil étnico-racial de servidores públicos pela falta de dados fornecidos pelos estados brasileiros  -  (crédito: Reprodução/Freepik)
Não é possível traçar perfil étnico-racial de servidores públicos pela falta de dados fornecidos pelos estados brasileiros - (crédito: Reprodução/Freepik)

Um estudo realizado pelo Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra que nenhum dos estados brasileiros divulga dados desagregados sobre cor, raça ou origem étnica dos ocupantes de cargos no setor público.

A pesquisa — baseada no período de agosto a dezembro de 2022 — destaca que apenas o estado do Paraná divulga dados desagregados sobre o gênero dos servidores. Ela mostra, ainda, que somente Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe trazem a informação sobre a data de início do servidor no cargo, o que permitiria analisar o grau de rotatividade das lideranças públicas. 

Escolaridade

Além disso, os registros públicos também não revelam a escolaridade das pessoas que atuam no setor público, incluindo aquelas que ocupam posições de liderança nos governos.

“Essas informações são fundamentais tanto para identificar as desigualdades existentes, inclusive nas posições de liderança, quanto para desenhar e implementar um quadro de direção profissionalizado e diverso. Isso contribui para a entrega de serviços e políticas públicas de qualidade para os cidadãos”, diz a especialista em gestão pública e integrante do Movimento Pessoas à Frente, Jessika Moreira.

Segundo o coordenador de Conhecimento, Dados e Pesquisa da Fundação Lemann, Matheus Nunes, a falta da divulgação de dados desagregados impede a sociedade de saber se a sua diversidade está representada no funcionalismo e nos seus cargos de liderança.

“A gente tem evidências, tanto na literatura quanto em experiências, que dizem que, quando há pessoas trabalhando no setor público que tenham uma representação mais fiel da sociedade, há melhores políticas”, frisa Nunes.

A pesquisa ainda analisou uma amostra de secretarias estaduais, focando nas áreas de Educação, Saúde e Gestão. Com esse recorte, foram identificadas 7.250 pessoas em cargos de liderança em 2022 em todos os estados e no Distrito Federal.

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