Segurança Pública

Rebelião em presídio no Acre termina com, pelo menos, cinco mortos

Presos entregam as armas e policiais do Bope entram na penitenciária de segurança máxima para fazer a varredura do local. Governo do estado mantém silêncio sobre as mortes, que estão ligadas à guerra de facções criminosas

Vinicius Doria
postado em 27/07/2023 15:15
Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro, em Rio Branco: rebelião durou 24 horas e deixou mortos -  (crédito: Reprodução Redes sociais)
Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro, em Rio Branco: rebelião durou 24 horas e deixou mortos - (crédito: Reprodução Redes sociais)

Depois de 24 horas de tensão, terminou na manhã desta quinta-feira (27/7) a rebelião no Presídio de Segurança Máxima Antônio Amaro Alves, em Rio Branco. Fontes da Polícia Civil confirmaram que foram encontrados cinco mortos no interior da unidade. Uma equipe do Instituto Médico legal da capital acriana foi chamada para recolher os corpos e identicá-los. Depois de uma noite inteira de negociações, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM entraram na unidade prisional por volta das 10h (horário local) para recolher as armas dos amotinados e fazer uma varredura no local.

A rebelião começou na manhã de quarta-feira (26/7), quando um grupo de presos, ligados a uma organização criminosa de São Paulo, tomou a arma de um guarda penitenciário — que ficou ferido por um tiro no rosto e foi atendido em um pronto-socorro da cidade — e fez outro como refém. O grupo também conseguiu entrar na sala onde os agentes penais guardam armamento e pegar alguns fuzis e mais de 20 pistolas.

O objetivo dos amotinados, confirmado na noite de quarta-feira pelo secretário adjunto de Segurança Pública do estado, coronel Evandro Bezerra, era enfrentar uma facção rival, formada por criminosos do próprio estado. “Dois presos ficaram feridos durante conflito interno entre detentos de organizações criminosas rivais e foram encaminhados ao pronto-socorro, sendo que um deles já recebeu alta”, declarou o secretário, em nota.

 

 

O governo do estado montou um gabinete de crise para gerenciar as negociações no presídio. O governo federal também ofereceu ajuda — incluindo a possibilidade de enviar agentes da Força Nacional para o Acre — por meio do ministro da Justiça, Flávio Dino, que conversou por telefone com o governador Gladson Cameli (PP). Durante todo o tempo em que o presídio ficou em poder dos presos, o gabinete de crise não divulgou nenhuma informação sobre os mortos.

Decapitação

De acordo com investigadores, pelo menos três corpos foram encontrados decapitados, marca característica da violência que impera na guerra entre facções criminosas em todo o país. Segundo essas fontes policiais, um grupo ligado ao PCC, de São Paulo, invadiu uma ala controlada por uma facção local, a B13, iniciando a chacina. A facção atacada controla vários bairros da periferia de Rio Branco e mantém uma disputa por território com o PCC. Por isso, o policiamento na capital acriana foi reforçado na noite passada para evitar retaliações.

Do lado de fora do presídio, parentes dos presos fizeram uma vigília à espera de informações sobre a rebelião. Mais de 200 agentes da PM, da Políucia Civil, no Instituto de Administração Penal do estado e da Polícia Rodoviária Federal fazem a segurança do perímetro do complexo penitenciário, com bloqueio de estradas, para impedir uma tentativa de fuga.

 

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