Tabagismo

29/8: Dia Nacional do Combate ao Fumo mira produtos com sabores

A campanha, coordenada pelo INCA, terá como tema: "Sabores e Aromas em Produtos Derivados de Tabaco: Uma Estratégia para Tornar a População Dependente de Nicotina" e visa combater o uso crescente de cigarros eletrônicos e narguilés

Dia Nacional do Combate ao Fumo mira produtos com sabores -  (crédito: Getty Images)
Dia Nacional do Combate ao Fumo mira produtos com sabores - (crédito: Getty Images)
Henrique Fregonasse*
postado em 28/08/2023 19:59

Comemorado nesta terça-feira (29/8), o Dia Nacional do Combate ao Fumo de 2023 tem o objetivo de alertar contra o uso de aditivos que tornem produtos provenientes do tabaco mais atraentes, principalmente para o público jovem, e para a necessidade de se atentar aos riscos do tabagismo desde cedo. O crescimento exponencial do uso de cigarros eletrônicos e narguilés também é um motivador da escolha temática.

Com o tema "Sabores e Aromas em Produtos Derivados de Tabaco: Uma Estratégia para Tornar a População Dependente de Nicotina", a campanha é uma iniciativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), órgão do Ministério da Saúde que coordena o Programa Nacional de Controle do Tabagismo.

Segundo a chefe da divisão de controle do tabagismo do INCA, Maria José Giongo, o tema da campanha deste ano visa trazer luz às estratégias de empresas tabagistas que utilizam sabores e aromas para tornar produtos tabágicos mais atraentes, atuando para tornar a população mais dependente da nicotina.

“O tema deste ano vai abordar justamente como a indústria utiliza-se dessa inserção de aromas e sabores nos produtos para manter e angariar novos consumidores, para promover experimentação, para promover a iniciação, para captar crianças, adolescentes e jovens para a dependência da nicotina. Então essa é a função dos aditivos nos produtos, fazer com que eles se tornem mais palatáveis”, explicou.

Para Maria José Giongo, a campanha é importante para reforçar a ação e mobilização da população brasileira para os perigos causados pelo tabagismo. Ela explicou que a campanha visa atuar não somente no demográfico de usuários de produtos provenientes do tabaco, mas também na prevenção, para evitar que outras pessoas iniciem o uso.

“A gente pretende, por meio da campanha, prevenir mesmo a iniciação e a experimentação desses produtos, principalmente entre crianças, adolescentes e jovens. A gente sabe também que entre as mulheres existe muito consumo de cigarro, também com aditivos, cravo, menta e outros sabores também, mas entre a população em geral. Mas o objetivo principal da campanha mesmo é alertar a sociedade sobre o impacto que esses aditivos causam, na experimentação e na promoção da iniciação”, adicionou.

Maria José Giongo reforçou que, apesar do Dia Nacional do Combate ao Fumo, o combate ao tabagismo é um trabalho contínuo durante todo o ano. Ela lembrou, ainda, que o controle do tabagismo não é uma política de governo, mas sim de Estado, pois o Brasil é signatário, desde 2005, da Convenção-Quadro, o primeiro tratado internacional de saúde pública da história da Organização Mundial da Saúde (OMS) para tratar da crescente epidemia de tabagismo no planeta.

“Esse dia não significa que não trabalhem durante o ano. Todo mundo segue fazendo promoção das ações de promoção da saúde, de prevenção do tabagismo na unidade de saúde. Mas a data é importante porque é uma mobilização nacional, um momento em que a gente observa efetivamente que os estados e os municípios se propõem a trabalhar e desenvolver os trabalhos. Então vale a pena investir na celebração da data. É uma data importante também porque o Brasil é signatário da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco. É uma política de Estado, não é uma política de governo, e o Brasil, como país signatário dessa convenção, tem que ele tem que seguir os princípios no estatuto e desenvolver as ações tendo em vista a implementação da própria convenção”, salientou.

Para o médico pneumologista e professor da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Alberto Viegas, a celebração da data é importante para reforçar a população dos riscos do uso de produtos tabágicos, mesmo que de forma pontual. Para o pneumologista, a atuação contra o fumo precisa ser mais efetiva durante o ano inteiro.

“Essas campanhas, do ponto de vista de saúde pública, são fundamentais, embora elas sejam pontuais. Um dia ou três dias por ano, mas é um momento da gente lembrar, insistir e repetir que o uso, seja do cigarro tradicional, eletrônico ou do narguilé, causam os mesmos problemas. A gente precisa alertar para os jovens, os pais e os educadores que eles estão utilizando drogas que vão causar doenças graves nestes usuários”, reforçou.

Tabagismo e o Câncer

Segundo dados do INCA, em 85% dos casos, o câncer de pulmão — terceiro mais comum entre homens e quarto entre mulheres no Brasil — está relacionado ao consumo de produtos derivados do tabaco, e o cigarro é, de longe, o maior fator de risco para o desenvolvimento da doença.

Para o pneumologista Carlos Alberto Viegas, a relação entre tabagismo e câncer não se restringe ao pulmão. Segundo ele, o consumo de derivados do tabaco pode resultar, não só em outras doenças respiratórias e cardiovasculares, como também na incidência de câncer em vários outros órgãos.

“Nós temos, na fumaça do cigarro, mais de 7000 substâncias e, sabidamente, mais de 30 são cancerígenas. Assim, não causa só o câncer de pulmão, como pode causar câncer em qualquer órgão do organismo, porque a fumaça de cigarro, quando você inala, cai na corrente sanguínea e circula no corpo inteiro”, explicou.

A chefe da divisão de controle do tabagismo do INCA, Maria José Giongo, tem um pensamento similar ao do pneumologista, e afirmou que o consumo de produtos provenientes do tabaco causa outras doenças além do câncer de pulmão. Ela explicou, ainda, que usuários de produtos tabágicos desenvolvem uma doença chamada tabagismo, que é a dependência de nicotina.

“O tabaco causa uma série de doenças que não é só o câncer de pulmão. O tabagismo é uma doença. A pessoa que consome qualquer produto de tabaco desenvolve uma doença que chama-se tabagismo, e que acontece pela dependência da nicotina, que a substância presente na droga. O cigarro tem, na sua composição, a nicotina, que é a substância que causa dependência, e está ligado a uma série de outras doenças. Por exemplo, ele está ligado às doenças cardiovasculares, ele está relacionado à doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), à asma, tuberculose, acidente vascular cerebral (AVC). Causa uma série de doenças”, destrinchou.

*Estagiário sob supervisão de Renato Souza.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail: sredat.df@dabr.com.br

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação