AMAPÁ

Brasilienses sobrevivem por três dias na floresta após queda de helicóptero

Na aeronave estavam o piloto, um engenheiro da Funai e um mecânico, todos foram resgatados com vida após três dias sobrevivendo na floresta

Tripulantes foram resgatados com vida após três dias perdidos na Floresta Amazônica -  (crédito: Reprodução )
Tripulantes foram resgatados com vida após três dias perdidos na Floresta Amazônica - (crédito: Reprodução )
Débora Oliveira
postado em 29/08/2023 20:09 / atualizado em 29/08/2023 20:16

Três brasilienses sobreviveram à queda de um helicóptero na Floresta Amazônica. Um vídeo gravado por um dos tripulantes mostra o momento exato em que a aeronave começa a despencar. Em entrevista para o Jornal Local, da TV Brasília, o piloto da aeronave, Josilei Gonçalves de Freitas, 51 anos, contou que o acidente ocorreu com cerca de uma hora e 40 minutos de voo, quando estavam a 900m de altura.

"Tivemos uma pane. Uma pane agressiva no sentido de que estávamos perdendo sustentação. Aí, entrei num procedimento de emergência. Antes da queda, foi gravado um vídeo onde o passageiro registra nossa angústia por uns três minutos, a queda durou sete minutos e foi quando avisei que íamos cair e que era para se segurarem. Ele desligou o celular e foi segurar para aguardar a queda. Nesse momento, começamos a sobreviver”, conta Joseli, relembrando sobre tudo que aconteceu.

Josilei, o mecânico Gabriel Silva Serra e o engenheiro civil José Francisco Pereira Vieira, da Funai, desapareceram em 16 de agosto, uma quarta-feira, e foram resgatados três dias depois. A equipe prestava serviços ao Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) no Amapá, como também no norte do Pará. Eles tinham viajado para entregar suprimentos em uma aldeia de povos indígenas, mas, no fim do percurso, enfrentaram uma pane na aeronave.

Atuando como piloto há 25 anos, a experiência de Joseli foi crucial para que pudessem sobreviver ao acidente. Ao perceber a pane, tentou encontrar uma pista onde pudesse pousar, mas não encontrou, optando por seguir o rio. “Aqui está a aeronave, que teve quebra geral. Mas consegui colocar aqui, num lugar onde tem árvore para amortecer a queda e não sofremos danos físicos, estamos na beira de um rio, não sei qual é o rio, não consigo localizar, mas sem fogo e nem nada, foi uma pane e perdemos rotação de motor”, disse o piloto em vídeos durante o tempo na floresta.

Após a queda, os tripulantes da aeronave usaram técnicas de sobrevivência para aguentar até o resgate. "Estamos aqui preparando a noite, está aqui o engenheiro Francisco que está bem, teve uma pancada na cabeça, mas sem hematomas, aqui o Gabriel e eu aqui estou eu também”, disse o piloto em outro vídeo.

Ainda em entrevista à TV Brasília, Joseli deu detalhes das técnicas usadas. "Já no chão, estávamos bem, então foi o momento de se orientar e preparar aquilo que a gente aprende como militar e ensina para outras pessoas: segurança provisória e comunicação. Eu sabia que só seria procurado a partir de sexta, então, precisava estar bem até sexta e sábado", disse.

O grupo, que estava equipado com barracas, comida, rede e medicamentos, tomou a decisão de ir em busca de socorro. O mecânico Gabriel foi o responsável por descer o rio em um bote improvisado e passar as coordenadas para que os outros dois pudessem ser resgatados. "Hoje é um dia marcante na minha história. Cai...,sim, tive um acidente de helicóptero e estou à procura de socorro. Fizemos essa embarcação e se deus quiser, voltamos a nossas casas ainda hoje”, disse Gabriel em vídeo antes de ir em busca de socorro.

“Ele navegou 30 horas e não achou nada, foram 12 km e não encontrou nada. A gente não abriu mão do rio e usamos métodos de comunicação. Lançamos uma sonda na quarta-feira e pegamos uma garrafa com R$ 70, nossa localização e jogamos no rio com o pensamento de que ia chegar em algum lugar. No sábado, orei por volta de nove horas e passou um avião, liguei o rádio e conseguimos contato. Passei as coordenadas e o resgate começou", explicou Joseli.

O Centro de Coordenação de Salvamento Aeronáutico Amazônico, unidade da Força Aérea Brasileira (FAB) responsável por coordenar as operações de buscas aéreas na região, informou que uma aeronave SC-105 Amazonas decolou de Campo Grande para atuar nas buscas na quinta-feira (17/8). Em todos os dias, não choveu e os sobreviventes não encontraram grandes animais. O mecânico que desceu o rio para pedir ajuda também foi resgatado com vida.

Resgate

O Centro de Coordenação de Salvamento Aeronáutico Amazônico, unidade da Força Aérea Brasileira (FAB) responsável por coordenar as operações de buscas aéreas na região, informou que uma aeronave SC-105 Amazonas decolou de Campo Grande (MS) para atuar nas buscas na quinta-feira (17/8). O resgate foi realizado no sábado (19/8) e foi possível após os tripulantes enviarem um sinal de fumaça próximo ao Rio Itapuru, ao sudoeste de Pedra Branca do Amapari, município distante 183km de Macapá.

Em todos os dias, não choveu e os sobreviventes não encontraram grandes animais. O mecânico que desceu o rio para pedir ajuda também foi resgatado com vida.

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