meio ambiente

Seca no Norte ameaça a navegação no Amazonas

Medo do setor de transporte é que o próximo afetado seja o próprio rio, principal hidrovia da região. Caso isso aconteça, Manaus passará por desabastecimento e não poderá escoar a produção da Zona Franca

Criada em 1967 e com validade assegurada até 2073, a Zona Franca concede benefícios fiscais para indústrias instaladas na região -  (crédito: Foto: Divulgação/ Honda)
Criada em 1967 e com validade assegurada até 2073, a Zona Franca concede benefícios fiscais para indústrias instaladas na região - (crédito: Foto: Divulgação/ Honda)
postado em 22/09/2023 03:55

O período de seca que atinge a região Norte do país já afeta a navegação do rio Amazonas e pode reduzir a capacidade como canal de transporte em 40% em duas semanas e até 50% até outubro. A estimativa é da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac), que monitora a vazão em três diferentes pontos, tendo identificado queda diária de até 35cm, enquanto a média para esse período é de 25cm. A cobrança do setor é por ações emergenciais, que, segundo o governo, estão sendo estudadas.

A seca é sazonal, sendo observada todos os anos. Neste ano, porém, teria chegado mais cedo do que o esperado.

Desde agosto, a Marinha restringiu a navegação em rios no estado do Amazonas, atingindo três pontos: a passagem do Tabocal, a 339km de Manaus, e as enseadas do Rio Madeira, além da do Rio Purus com o Rio Solimões.

O medo do setor de navegação é que o próximo afetado será o próprio Amazonas, principal hidrovia da região. No pior cenário, em função da segurança, não será possível a navegação pelo rio.

Ocorre que os navios que navegam por ele são os que permitem o escoamento da produção e mantêm o abastecimento da região com insumos básicos para toda a população e para a indústria local. No ano passado, a redução de capacidade de transporte foi, em média, de 40%, contra os 50% estimados para este ano. Os produtos que sofrem mais impacto são os mais pesados, como alimentos (arroz, congelados e resfriados), cimento, metais, cerâmica, porcelanato e fertilizantes.

"Manaus é uma ilha, não tendo produção de itens como alface e arroz. Nós é que levamos os insumos para lá, o ferro, a areia, o cimento. E também tiramos a produção feita lá. Como não estamos conseguindo navegar com o volume de carga normal, já prevemos para duas semanas uma redução de 45% da nossa capacidade de transporte", afirma o diretor-executivo da Abac, Luís Fernando Resano.

Comércio

A crise atinge a população, podendo refletir em aumento direto do preço dos produtos, pela escassez e por aumento no frete. Haverá impacto, ainda, na Zona Franca, que não consegue escoar seus produtos, o que, dependendo da duração do problema, pode causar desabastecimento no mercado no Sul e Sudeste, em especial na Black Friday.

Resano diz que, apesar de o problema da estiagem ter sua maior parte fora do controle humano, há iniciativas que podem ser usadas como mitigatórias. Para agora, afirma ser necessária uma dragagem emergencial na enseada do Rio Madeira, no trecho em que alcança o Amazonas.

"Aquela área está assoreada, com acúmulo de areia. Precisaria de dragagem para abrir canal para que navios possam navegar próximo da capacidade", adverte.

Procurado, o Ministérios dos Transportes não se manifestou. Já a pasta dos Portos e Aeroportos disse que é a Marinha é a responsável pela segurança da navegação. "O Ministério de Portos e Aeroportos, juntamente com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), acompanha a situação e está preparado para fazer a intervenção necessária nos trechos possivelmente indicados", afirmou em nota.

 

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br