"Passei uns dois anos criando pato, galinha, vendendo ovos, chegou um momento que não era mais suficiente. Eu tinha muita vergonha na época", relembra Aldenora González, 60 anos, que recebe o Bolsa Família desde 2016. Atualmente, a política pública beneficia 21,47 milhões de famílias que recebem, em média, R$ 705,40 por mês.
“Eu sempre trabalhei, não de carteira assinada, mas era casada. Mudou drasticamente a minha vida quando me separei, em 2014, porque dependia do meu marido. Aí fiquei muito vulnerável", relembra. Neste período, ela se virou criando e vendendo animais para conseguir renda. Em 2016, no entanto, Aldenora foi ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e fez o pedido para participar do programa.
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"Tinha muita vergonha de usar o cartão, dos amigos saberem que eu recebia o bolsa família. É muito estigmatizado. As pessoas acham que quem recebe o benefício não quer trabalhar e isso me afetava muito”, relembra. Com o tempo, no entanto, ela entendeu que queria enfrentar essa questão e ajudar outros a não sentirem o mesmo. "Não é vergonha ser pobre, não é vergonha estar em condição de vulnerabilidade, a gente precisa se organizar. Cada um procura a sua forma de superar essas fragilidades e a minha foi caminhar junto com os usuários para entender a importância do protagonismo deles", comenta.
Ela também incentiva os amigos através do exemplo, já que usou parte do dinheiro para pagar uma faculdade. "Tem dois anos que eu passei a fazer um curso superior e essa grana ajudou muito porque eu tinha uma segurança para pagar a faculdade. Me formei em Serviço Social, fiz EAD (Ensino à Distância) porque eu já pagava a faculdade, não ia ter condição de pagar transporte. Era uma coisa ou outra. Ainda não consegui trabalhar na área, mas me trouxe mais autonomia", conta.
“Não é que as pessoas queiram, é que elas precisam. As pessoas querem trabalhar, mas elas precisam de oportunidade. As empresas poderiam fazer parcerias para que pessoas do Bolsa Família trabalhassem com elas”, completa.
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