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Maioria diz que não interfere em casos de violência contra criança

A "Pesquisa sobre atitudes e percepções sobre a infância e violência contra crianças e adolescentes no Brasil" mostra como os brasileiros percebem a infância e a adolescência

Seminário debateu a violência contra crianças e adolescentes na Câmara dos Deputados -  (crédito: Mayara Souto / CB / D.A. Press)
Seminário debateu a violência contra crianças e adolescentes na Câmara dos Deputados - (crédito: Mayara Souto / CB / D.A. Press)
postado em 31/10/2023 18:26 / atualizado em 31/10/2023 18:26

A Pesquisa sobre atitudes e percepções sobre a infância e violência contra crianças e adolescentes no Brasil, realizada pela Fundação José Luiz Egydio Setúbal, pela Vital Strategies e pelo Instituto Galo da Manhã, aponta qual a percepção da população brasileira sobre o tema. A divulgação dos dados foi realizada na tarde desta terça-feira (31/10) na Câmara dos Deputados.

De acordo com o estudo, 64% afirmam que não tomaria nenhuma atitude ao presenciar uma ação de violência contra uma criança ou adolescente. Deste número, 25% dizem que não o faria por "não ter conhecimento dos motivos da violência", 22% por acharem que "cada um toma conta da própria vida" e 17% até gostariam de intervir, mas "ficaria constrangido ou com medo". 

Há um fator que interfere bastante em como os adultos percebem as ações de violência. A parcela de pessoas que mais vivenciou violências na infância (20%) concorda quase três vezes mais em praticar violência com as crianças, do que a parcela que menos sofreu violências. 

Quando perguntados o que era melhor para resolver uma situação, se era castigo ou diálogo, há uma parcela de 27% dos brasileiros que afirmaram que o castigo é mais eficaz. Além disso, 52% admitem já ter dado um tapa na criança, porém o número de quem acha isso aceitável é surpreendentemente menor (25%). Humilhações e xingamentos são as práticas mais mal avaliadas na pesquisa, apenas 6% acreditam que isso é aceitável. 

A pesquisa foi realizada entre 5 de novembro e 1º de dezembro de 2021. 

Repercussão parlamentar

"Essa comissão nasceu pra atender uma demanda da sociedade civil e ter um espaço nessa Casa que representasse uma porta ou uma janela para acolher a sociedade e ouvir o que a sociedade tem a dizer, a reclamar, a propor. Nós parlamentares queremos reafirmar o nosso compromisso com essa questão tão grave e de tanta preocupação", declarou a deputada federal Luiza Erundina (PSol-SP) sobre a Comissão de Legislação Participativa, que apoiava o avento de apresentação do relatório. 

Já a deputada Ana Paula Lima (PT-SC) ressaltou a importância de pensar políticas públicas a partir dos dados. "Estamos no décimo mês do governo Lula ,algumas ações já foram identificadas, principalmente, a prioridade da proteção infantil e juvenil. Políticas Públicas também estão sendo pensadas, mas precisamos, sobretudo, debater orçamento brasileiro. Não se faz política pública sem dinheiro", afirmou.

"Mesmo que só 6% acha aceitável humilhar e xingar, isso tinha que ser inaceitável. É uma epidemia silenciosa que vai tolhendo a capacidade da nossa população de funcionar de uma forma adequada e isso é um problema. Não é debate de segurança publica é de saúde, desenvolvimento humano e por isso tem que estar aqui nessa Casa", finalizou Márcia Kavon Wood, assessora da Fundação José Luiz Egydio Setúbal - uma das instituições responsáveis pela pesquisa. 

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