clima extremo

Pantanal enfrenta pelo menos 3 mil focos de fogo em apenas 15 dias

Chamas consumiram aproximadamente 950 mil hectares somente este ano. Levantamento é do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da UFRJ. Entre os motivos estão a falta de chuvas e as altas temperaturas

 Clouds of smoke billow from forest fires in the Pantanal wetland in Porto Jofre, Mato Grosso State, Brazil, on November 13, 2023. Several fires have been ravaging the Brazilian Pantanal, the largest wetland on the planet. According to the specialists, these fires are primarily caused by human action, in particular the use of slash-and-burn techniques for agricultural expansion, and the situation at the end of the year has been exacerbated by an exceptional drought. (Photo by Rogerio FLORENTINO / AFP)
       -  (crédito:  AFP)
Clouds of smoke billow from forest fires in the Pantanal wetland in Porto Jofre, Mato Grosso State, Brazil, on November 13, 2023. Several fires have been ravaging the Brazilian Pantanal, the largest wetland on the planet. According to the specialists, these fires are primarily caused by human action, in particular the use of slash-and-burn techniques for agricultural expansion, and the situation at the end of the year has been exacerbated by an exceptional drought. (Photo by Rogerio FLORENTINO / AFP) - (crédito: AFP)
postado em 17/11/2023 03:55

Pelo menos 3 mil focos de incêndio, em apenas 15 dias, foram registrados no pantanal do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Nos dois estados, as chamas consumiram aproximadamente 950 mil hectares somente este ano, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entre os motivos para o aparecimento de tantos focos estão a falta de chuvas e as altas temperaturas.

Isso representa aproximadamente 7% do bioma foi consumido pelas chamas. Segundo os dados levantados pelo Lasa, esse percentual representa três vezes mais do que no mesmo período de 2022, quando os incêndios atingiram 316 mil hectares. Apenas este mês, são mais de 2,3 mil focos.

Segundo o governo sul-matogrossense, 200 servidores estaduais e federais atuavam no combate ao fogo em oito frentes. Em algumas regiões, as chamas persistem há mais de uma semana, favorecidas pela estiagem, calor e ventos fortes. No Passo da Lontra, em Piranhas, a linha de fogo avançou 50km em cinco dias.

Aeronaves do Grupo de Operações Aéreas (GOA), os bombeiros e a Polícia Ambiental atuam em áreas de difícil acesso. "Em algumas regiões, como Paiaguás, na divisa com o Mato Grosso, os bombeiros militares só chegaram em aeronaves, pois o acesso por terra é quase impossível", disse a tenente-coronel Tatiane Inoue, chefe do Centro de Proteção Ambiental do GOA. O fogo deixou um rastro de aves e pequenos animais mortos, mas ainda não foi feito um levantamento da fauna atingida.

Os incêndios que consomem o Pantanal atingem, desde quarta-feira, as duas margens da Rodovia Transpantaneira, em Poconé (MT). A estrada cruza todo o bioma no estado e é o único acesso por terra para fazendas, pousadas e vilas da região. As chamas, concentradas na região de Porto Jofre, às margens do Rio Cuiabá, na divisa com o Mato Grosso do Sul, são combatidas por terra e pelo ar, com o uso de aeronaves.

Conforme o Corpo de Bombeiros, este ano está sendo considerado atípico devido à falta de chuvas e às ondas de calor que atingem a região, favorecendo a propagação das chamas. Na terça-feira, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, esteve em Cuiabá para verificar a situação do bioma e oferecer apoio. No mesmo dia, o governo do Mato Grosso publicou um decreto de emergência ambiental válido por 60 dias.

Até janeiro

As altas temperaturas devem prosseguir pelo menos até janeiro, com baixos índices pluviométricos. O alerta é da meteorologista Andrea Ramos, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Ela também acredita que a oitava onda de calor deve ser reavaliada e estendida até domingo, pois não há a previsão de que o calor dará trégua.

BRA-calor cuidados
BRA-calor cuidados (foto: Valdo Virgo)

"Por conta da massa de ar, as temperaturas podem bater recordes. As chuvas vêm com características de tempestades, ou seja, com trovoadas, rajadas e possibilidade de queda de granizo", observa.

De acordo com a meteorologista, a onda de calor inibiu as chuvas de novembro, mas, a partir da próxima semana, o clima típico de primavera, com calor, umidade e pancadas de chuva, deve voltar. "As temperaturas amenizam principalmente com o retorno das chuvas, mas o calor em si ainda persiste. Não com esse extremo, mas no decorrer dos próximos dias, com temperaturas acima de 30º com tendência de chuva", observou. (Colaborou Marina Dantas, estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi)

 


Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

-->