Cientistas descobriram que oito transtornos psiquiátricos possuem uma base genética comum. Um estudo recente identificou variações específicas nesses genes compartilhados e revelou seu comportamento durante o desenvolvimento cerebral. Essa descoberta pode abrir caminho para tratamentos inovadores que atendam múltiplos distúrbios simultaneamente.
- Estudo revela variantes genéticas comuns em transtornos psiquiátricos.
- Genes permanecem ativos por períodos prolongados, influenciando o desenvolvimento.
- Descoberta pode impulsionar tratamentos unificados para diversos transtornos.
Como as variantes genéticas influenciam o desenvolvimento cerebral?
As variantes genéticas identificadas estão ativas durante múltiplas fases do desenvolvimento cerebral. Isso sugere que poderiam afetar vários estágios de crescimento, oferecendo novos alvos para tratamento. “As proteínas produzidas por esses genes estão altamente conectadas a outras proteínas,” explicou a geneticista Hyejung Won, da Universidade da Carolina do Norte. Estudos mostraram que essas redes de proteínas podem influenciar processos críticos como a plasticidade sináptica e a maturação neuronal.
Quais transtornos compartilham uma base genética comum?
Em 2019, uma equipe identificou 109 genes associados a oito transtornos diferentes: autismo, TDAH, esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão maior, Síndrome de Tourette, transtorno obsessivo-compulsivo e anorexia. Isso pode explicar porque essas condições muitas vezes co-ocorrem. A descoberta reforça dados de organizações como a OMS, que alertam para o impacto global das doenças mentais.
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Cada um dos oito transtornos possui diferenças genéticas únicas. Won e sua equipe compararam esses genes únicos com aqueles compartilhados entre os distúrbios. O estudo contou também com a colaboração do Broad Institute e pesquisadores de diversos países, como Reino Unido e Países Baixos.

Como os pesquisadores testaram as variantes genéticas?
Os pesquisadores inseriram quase 18,000 variações genéticas em células precursoras de neurônios para observar o impacto na expressão genética durante o desenvolvimento humano. Identificaram 683 variantes genéticas que afetam a regulação gênica e as exploraram em neurônios de camundongos. Essas análises foram realizadas com auxílio de plataformas avançadas de edição genética como o CRISPR.
A importância dos genes pleiotrópicos
As variantes pleiotrópicas estão envolvidas em mais interações proteína-proteína do que aquelas específicas de condições psicológicas. Elas também atuam em mecanismos regulatórios que influenciam múltiplas fases do desenvolvimento cerebral.
“A pleiotropia era vista como um desafio, pois complica a classificação dos transtornos psiquiátricos,” disse Won. “No entanto, entender sua base genética pode nos ajudar a desenvolver tratamentos que visem esses fatores genéticos compartilhados.”
Impactos potenciais na saúde mental global
A habilidade desses genes de impactar cascatas e redes de processos, como a regulação gênica, poderia explicar porque as mesmas variantes contribuem para diferentes condições. Essa estratégia de tratamento seria extremamente útil, já que a OMS estima que 1 em cada 8 pessoas vive com algum tipo de condição psiquiátrica. Especialistas apontam que, caso novas terapias baseadas nesses achados sejam desenvolvidas, milhões de pessoas poderão se beneficiar mundo afora.
- Oito transtornos psiquiátricos compartilham uma base genética.
- Pleiotropia pode unificar tratamentos para diferentes transtornos.
- Pesquisa publicada na revista Cell destaca novos alvos para terapia.







