Recentes pesquisas indicam uma ligação preocupante entre a má qualidade do sono e o envelhecimento acelerado do cérebro. Estudos mostram que adultos de meia-idade e mais velhos com problemas de sono frequentemente apresentam sinais de envelhecimento cerebral mais rápido, potencialmente devido a processos inflamatórios, conforme evidenciado em estudo liderado por Abigail Dove, PhD, do Karolinska Institutet, na Suécia.
O sono, sendo um fator modificável, pode representar uma oportunidade para prevenir ou retardar o declínio cognitivo, embora ainda não haja consenso sobre se distúrbios do sono são causa ou consequência de doenças neurodegenerativas como a demência.
Como o sono influencia o envelhecimento cerebral
Estudo realizado em 2024 com mais de 500 participantes revelou uma associação entre distúrbios do sono na meia-idade e sinais de envelhecimento cerebral em estágios posteriores da vida. Para investigar diferentes aspectos da qualidade do sono, pesquisadores suecos analisaram dados de 27.500 participantes do UK Biobank utilizando questionários detalhados.
A análise considerou diversos parâmetros e permitiu classificar os participantes em grupos conforme o padrão de sono. Veja a seguir como foram caracterizados esses grupos:
- Participantes com padrão de sono saudável apresentaram cérebros condizentes com sua idade cronológica.
- Pessoas com sono intermediário ou ruim exibiram cérebros que pareciam mais envelhecidos.
Estudos de imagem destacam marcadores importantes do envelhecimento cerebral
Exames por ressonância magnética permitiram identificar características cerebrais associadas à idade cerebral aparente. Dentre os marcadores analisados, a inflamação destacou-se como principal indicador ligado ao envelhecimento cerebral acelerado, ao lado de outros fatores fisiológicos relevantes.
Esses achados reforçam o papel das alterações cerebrais detectadas por imagem como importantes para prever o envelhecimento do cérebro e sugerem caminhos para futuras estratégias de intervenção.

A inflamação pode explicar a associação entre sono ruim e envelhecimento do cérebro
A inflamação é apontada como um dos mecanismos centrais que conectam a má qualidade do sono ao envelhecimento cerebral. Utilizando análises de biomarcadores sanguíneos, pesquisadores identificaram que uma parte significativa dessa relação é mediada por processos inflamatórios.
Além disso, o funcionamento insuficiente do sistema glinfático—responsável por remover resíduos do cérebro e comprometido pela má qualidade do sono—pode agravar ainda mais o envelhecimento cerebral.
Esses resultados se aplicam a toda a população
A abrangência dos achados é limitada por alguns fatores. A avaliação do sono foi baseada no relato dos próprios participantes, suscetível a vieses, e os voluntários do UK Biobank geralmente têm perfil socioeconômico mais elevado que a média da população, o que pode impactar a generalização dos resultados.
A despeito dessas limitações, continua sendo essencial aprofundar o entendimento sobre como o sono afeta o envelhecimento cerebral, visto que hábitos saudáveis podem se tornar aliados importantes na prevenção da demência.






