Em muitos lugares do mundo, casas são construídas com tijolos, madeira ou concreto. Mas em Zanzibar, na Tanzânia, existe uma cidade onde as construções foram erguidas com blocos de coral retirados do oceano. O resultado é uma paisagem única, onde antigas construções esculpidas em pedra coralina resistem ao tempo e contam séculos de história.
A ilha de Zanzibar tem uma herança cultural diversa, marcada por influências africanas, árabes, persas e europeias. Essa mistura se reflete na arquitetura de sua capital, Stone Town, onde palácios, mesquitas e casarões foram erguidos com blocos de coral extraídos do próprio mar. Mas como esse material se tornou a base das construções e quais desafios ele apresenta?
O uso do coral na arquitetura de Zanzibar
Desde o século XV, os habitantes de Zanzibar utilizam blocos de coral como material de construção. O coral, retirado das águas rasas ao redor da ilha, era cortado em grandes blocos e deixado para secar ao sol. Com o tempo, ele endurecia e se tornava resistente o suficiente para erguer paredes e edifícios inteiros.
A popularidade do coral como material de construção se deve a vários fatores. Além de estar amplamente disponível na ilha, ele também oferecia isolamento térmico natural, ajudando a manter as casas frescas mesmo sob o calor intenso da Tanzânia. Além disso, os blocos de coral eram fáceis de esculpir, permitindo a criação de fachadas decoradas com padrões detalhados e portas esculpidas à mão, que se tornaram símbolo da identidade cultural de Zanzibar.
No entanto, a extração contínua de coral trouxe desafios ambientais. Com o tempo, a remoção excessiva comprometeu os recifes ao redor da ilha, levando o governo a proibir essa prática. Hoje, muitas construções históricas ainda resistem, mas são restauradas usando materiais alternativos para preservar a herança da cidade sem prejudicar o meio ambiente.

O impacto cultural e histórico das casas de coral
As construções de coral de Stone Town são um reflexo da rica história da ilha, que já foi um importante centro comercial no Oceano Índico. Durante séculos, Zanzibar foi ponto de encontro entre mercadores árabes, indianos e europeus, e essa diversidade cultural se traduziu na arquitetura única da cidade.
Além das casas e palácios, muitas mesquitas e edifícios governamentais também foram construídos com coral. A estrutura mais famosa é a Casa das Maravilhas, um imponente palácio do século XIX que simboliza a grandiosidade da ilha em sua era dourada. Caminhar por Stone Town é como viajar no tempo, passando por ruas estreitas ladeadas por casas de coral que já testemunharam séculos de comércio, cultura e transformações sociais.
Curiosidades sobre as casas de coral em Zanzibar
- O coral utilizado na construção não vem de recifes vivos, mas sim de depósitos de coral fossilizado encontrados na costa da ilha.
- As portas das casas de Stone Town são famosas por suas esculturas detalhadas, muitas delas representando status e identidade familiar.
- A Casa das Maravilhas, um dos prédios mais icônicos de Zanzibar, foi o primeiro edifício da África Oriental a ter eletricidade e elevador.
- A UNESCO declarou Stone Town como Patrimônio Mundial, reconhecendo a importância histórica e arquitetônica das construções de coral.
- Hoje, as reformas de casas antigas utilizam cimento e outros materiais modernos para evitar danos ambientais aos recifes.
O legado das casas de coral
As casas de coral de Zanzibar não são apenas construções, mas testemunhas de uma época de grande intercâmbio cultural e comercial. Mesmo com os desafios ambientais, a preservação desse patrimônio continua sendo essencial para manter viva a identidade da ilha.
Passear por Stone Town é se perder em ruas que parecem ter parado no tempo, onde cada edifício conta uma história esculpida na pedra – ou, nesse caso, no próprio coral do oceano.










