A crescente geração de lixo eletrônico reflete a necessidade de métodos inovadores para a recuperação de materiais valiosos como o ouro. Com a rápida evolução tecnológica e o descarte frequente de aparelhos eletrônicos, pequenas quantidades de metais preciosos acabam se perdendo, gerando impactos econômicos e ambientais significativos.
O que torna o lixo eletrônico um desafio global crescente
O lixo eletrônico é um dos tipos de resíduos que mais crescem no mundo atualmente. A substituição constante de televisores, computadores e smartphones faz com que toneladas de resíduos sejam geradas a cada ano, dificultando a gestão eficaz desses materiais.
A estimativa de 57,4 milhões de toneladas geradas em 2021 destaca o risco de perdermos metais valiosos como ouro, prata e paládio. Métodos mineradores tradicionais para recuperar esses metais costumam ser altamente poluentes, o que reforça a urgência por soluções sustentáveis. Segundo a Organização das Nações Unidas, apenas 17% desse volume é reciclado de maneira apropriada, agravando o impacto ambiental e gerando perdas econômicas para vários países.
Quais aparelhos podem ter ouro dentro de casa
Vários eletrodomésticos e dispositivos eletrônicos de uso cotidiano podem conter pequenas quantidades de ouro em suas placas e conexões, já que esse metal oferece excelente condutividade elétrica e resistência à oxidação. Normalmente, o ouro está presente em contatos, conectores e circuitos internos. Entre os principais aparelhos que podem possuir ouro em sua composição estão:
- Televisores e telas LCD/LED
- Computadores e laptops
- Telemóveis (celulares)
- Câmeras digitais
- Impressoras
- Leitores de DVD e Blu-ray
- Micro-ondas
- Ar-condicionado

Apesar da quantidade de ouro ser pequena em cada aparelho, quando considerada a escala global do descarte eletrônico, o potencial de recuperação desse metal torna-se significativo.
Como funciona o processo sustentável para recuperar metais preciosos
Pesquisadores do ETH Zurich propuseram um método que emprega esponjas de nanofibrilas proteicas feitas a partir de resíduos da indústria alimentícia. Essas esponjas conseguem capturar íons de ouro presentes nas placas-mãe de computadores antigos, permitindo a recuperação do metal sem grandes impactos ambientais.
O uso dessa tecnologia é inovador porque coloca em prática a economia circular, além de melhorar o aproveitamento de recursos desperdiçados diariamente. O processo também dispensa o uso de substâncias perigosas, tornando-se uma alternativa mais segura para a extração de metais. O método também se destaca por sua escalabilidade, podendo ser adaptado tanto para pequenas operações como para plantas industriais de grande porte.
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Veja o passo a passo simplificado para extrair ouro de eletrônicos
O processo de extração sustentável começa com a conversão de resíduos proteicos da produção de laticínios em nanofibrilas. Após isso, as placas-mãe são tratadas sob condições controladas para liberar os metais preciosos na forma de íons, que então são capturados pelas esponjas especiais.
Para facilitar a compreensão desse método, confira um resumo das principais etapas envolvidas na recuperação do ouro:
- Coleta de resíduos proteicos da indústria de laticínios.
- Criação de nanofibrilas por desnaturação controlada dos resíduos.
- Tratamento ácido das placas-mãe para dissolver os metais.
- Captura dos íons de ouro pelas esponjas de nanofibrilas.
- Aquecimento das esponjas para reduzir os íons a ouro puro.
- Fusão das escamas de ouro para formar pepitas de alta pureza.
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Por que o novo método de extração de ouro pode trazer benefícios econômicos e ambientais
Além de proporcionar uma abordagem mais ecológica, o método desenvolvido apresenta vantagens econômicas relevantes. O reaproveitamento de dispositivos eletrônicos transforma resíduos em fontes de metais valiosos, reduzindo o desperdício e a dependência de mineração tradicional.
A pesquisa do ETH Zurich mostra como a ciência pode contribuir para soluções práticas e sustentáveis. Utilizando materiais provenientes da indústria alimentícia e evitando processos poluentes, essa técnica demonstra que é possível unir inovação, economia e preservação ambiental de forma eficiente. Esse avanço tecnológico ainda pode impulsionar a criação de empregos no setor de reciclagem de eletrônicos e inspirar novos investimentos em processos industriais mais limpos e circulares.








