Os guarda-roupas frequentemente desordenados são uma característica comum em muitas pessoas, que costumam ter dificuldades em mantê-los organizados apesar dos esforços. Além de representar um desafio prático, esse fenômeno pode estar relacionado ao estado emocional e mental das pessoas, trazendo à tona aspectos psicológicos muitas vezes ignorados.
O que a desordem do guarda-roupa pode indicar sobre o equilíbrio emocional?
Segundo a psicologia ambiental e comportamental, um ambiente caótico reflete o que acontece no interior do indivíduo. Um guarda-roupa constantemente bagunçado pode sinalizar uma mente sobrecarregada, desorganizada ou até mesmo em crise, indicando possíveis dificuldades na estruturação de pensamentos e tomada de decisões.
Um experimento com mais de 3.000 participantes demonstrou que tanto ações reais de limpeza quanto simulações de limpeza reduzem a ansiedade residual após eventos estressantes, sugerindo que a limpeza pode funcionar como mecanismo de regulação emocional (Lee et al., 2022). A manutenção de roupas que não são mais usadas, por exemplo, pode demonstrar apego a objetos por medo de mudanças, ou a incapacidade de se desprender do passado.
Uma investigação recente aponta que a compulsão por ‘arrumar/limpar’ pode constituir um cluster específico de sintomas dentro do transtorno obsessivo-compulsivo, com incidência estimada em cerca de 25% em amostras clínicas (Prudon, 2023).

Como a desordem do guarda-roupa pode representar evasão de responsabilidades na vida?
Evitar a arrumação revela mais do que procrastinação: pode ser um sinal do hábito de evitar enfrentar decisões desconfortáveis do cotidiano. Organizar o guarda-roupa exige escolhas, como descartar ou manter itens, o que muitas vezes coloca a pessoa diante de questões pessoais profundas.
Nesse contexto, destacam-se algumas razões simbólicas que levam à evitação:
- Medo de mudanças e de se desapegar do passado
- Ansiedade diante de tarefas desafiadoras
- Busca de conforto em ambientes familiares, ainda que desorganizados
A psicóloga Ana Paula Guimarães aborda o tema no seu perfil no TikTok @psicoanapaulaguimaraes:
@psicoanapaulaguimaraes ✨ Guardar coisas pode parecer apenas bagunça, mas muitas vezes é o reflexo de emoções profundas. A acumulação compulsiva está ligada à ansiedade, medos e até traumas — e por trás dos objetos guardados, existe alguém tentando lidar com sentimentos difíceis. 💙 Falar sobre isso é essencial para trazer consciência e acolhimento, sem julgamentos. Afinal, todo excesso carrega uma história. 👉 Você já tinha parado para pensar nisso? Com afeto , Ana Paula Guimarães Psicóloga Clínica #saúdemental #autocuidado #acolhimento #psicologianapratica #consciênciaemocional #vidaemequilíbrio
♬ som original – Psico Ana Paula Guimarães
Por que algumas pessoas enfrentam dificuldades para manter o guarda-roupa sempre organizado?
As dificuldades em manter a organização podem ter relação com questões emocionais não resolvidas, como luto, indecisão e sensação de falta de controle. O apego a certos objetos é um reflexo da busca pelo conforto e da resistência ao novo, especialmente em momentos de transição.
Além disso, para alguns, a bagunça serve como um espelho da desorganização interna. Ao prolongar a tarefa de arrumar, a pessoa evita encarar sentimentos e questões pessoais profundas, tornando a desordem tanto um reflexo quanto uma proteção emocional.
Portanto, a desordem do guarda-roupa vai muito além de um simples descuido. Ela está intimamente relacionada ao estado emocional, sendo parte de um ciclo que conecta o espaço físico e o equilíbrio emocional do indivíduo.
Referências bibliográficas
- Lee, S. W., Millet, K., Grinstein, A., Pauwels, K. H., Johnston, P. R., Volkov, A. E., & van der Wal, A. J. (2022). Actual cleaning and simulated cleaning attenuate psychological and physiological effects of stressful events. Social Psychological and Personality Science.
- Prudon, P. (2023). Compulsive tidying as an obsessive-compulsive symptom cluster: Clinical and empirical evidence.









