O mundo do comportamento humano está repleto de ações cotidianas que, embora pareçam simples, escondem uma intrincada rede de significados. Um desses gestos comuns é o ato de tirar os sapatos sem desamarrar os cadarços, que para muitas pessoas é apenas uma rotina ao chegar em casa. Segundo psicólogos, esse hábito pode ser um reflexo inconsciente de aspectos da nossa personalidade e estado mental, mostrando como detalhes banais revelam traços de quem somos.
Agir no piloto automático pode indicar falta de atenção ao presente
Agir no piloto automático significa realizar tarefas sem envolvimento consciente, como tirar os tênis sem desfazê-los. Para a psicologia, esse comportamento demonstra um afastamento do momento presente, sinalizando uma tendência a priorizar a economia mental sobre o foco (Kahneman, 2011).
Esse padrão se estende para várias ações diárias e pode se tornar problemático em situações que exigem atenção total, como trabalhar ou dirigir. O risco maior é quando a pessoa se acostuma a resolver questões complexas dessa mesma forma desconectada.
A psicóloga Livia Oliveira, do perfil @liviaoliveirapsicologa, explicou os perigos do piloto automático:
@liviaoliveirapsicologa Quem vive no piloto automático perde a condução da própria vida. #psicologia #terapia #vida #pilotoautomatico #reflexão #fyp #fy #comportamento ♬ Love Of My Life – Metrow Ar
A economia de energia mental pode explicar hábitos automáticos
O cérebro busca, frequentemente, economizar energia em tarefas repetitivas. Por isso, aproximadamente 40% das ações diárias são feitas quase sem percepção consciente. Isso justifica a preferência por gestos mais simples, como tirar os sapatos sem mexer nos cadarços (Wood et al., 2002).
Veja alguns exemplos de comportamentos automáticos que surgem da economia de energia mental:
- Lavar as mãos sem perceber o tempo de lavagem
- Ir ao trabalho seguindo exatamente o mesmo trajeto
- Escovar os dentes sempre da mesma forma
Cultura do imediatismo influencia hábitos e pode trazer prejuízos
A pressa da vida moderna tem forte influência nesse tipo de comportamento. Muitos preferem tirar os sapatos rapidamente, ignorando etapas como desamarrar os cadarços, por causa do desejo de terminar logo as tarefas.
Esse imediatismo pode causar descuidos, como o desgaste prematuro dos calçados, e se relaciona ao hábito de fazer tudo com pressa e sem reflexão, impactando até mesmo o autocuidado.
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Desejos de liberdade e rebeldia podem estar presentes em gestos simples
Alguns especialistas afirmam que esse hábito também pode representar um impulso de liberdade ou rebeldia diante de regras rotineiras. Para algumas pessoas, pequenas ações assim funcionam como válvulas de escape diante da falta de controle em outros aspectos da vida.
A repetição desse gesto pode indicar uma necessidade de autoafirmação ou de expressar leves insatisfações, mesmo que de maneira sutil e não totalmente consciente.

Nem sempre ações triviais carregam grande significado
Por fim, é fundamental reconhecer que nem toda ação cotidiana possui motivações psicológicas profundas. Para muitos, tirar os sapatos sem desamarrá-los é apenas um hábito criado com o tempo, sem maiores implicações.
Mesmo assim, analisar os motivos por trás desses comportamentos pode oferecer perspectivas valiosas para quem deseja entender melhor o funcionamento e a riqueza de detalhes do comportamento humano.
Referências bibliográficas
- KAHNEMAN, Daniel. Thinking, Fast and Slow. New York: Farrar, Straus and Giroux, 2011.
- WOOD, W.; QUINN, J. M.; KASHY, D. A. Habits in everyday life: Thought, emotion, and action. Journal of Personality and Social Psychology, v. 83, n. 6, p. 1281–1297, 2002.










