A intensa sensação de exaustão após um treino vigoroso é mais complexa do que mera fadiga. No fundo, trata-se de um mecanismo evolutivo do corpo que exige descanso para garantir a reconstrução e fortalecimento das suas centrais energéticas, as Mitocôndrias. Estas estruturas são fundamentais para o funcionamento celular, desde músculos até neurônios. Ao longo da evolução, nossos ancestrais, sem academias ou suplementos, dependeram da aptidão física para sobreviver ao enfrentar adversidades severas. Nesses momentos, o esforço físico acionava alarmes químicos que comunicavam diretamente com o cérebro primitivo, o responsável por garantir nossa sobrevivência.
Quando o corpo é submetido a altos níveis de esforço físico, ele não diferencia se a fonte é uma perseguição animal ou um exercício moderno de alta intensidade, como o HIIT. Este esforço desencadeia um processo interno instintivo, que força o corpo a entrar em modo de preservação e adaptação, principalmente durante o sono profundo. É nesse estado que as células revelam a sua condição mitocondrial, geralmente em estado de alerta durante o esforço extremo.
Como as Mitocôndrias melhoram após o exercício?
Durante o sono, ocorre um fenômeno fascinante: a biogênese mitocondrial. A proteína PGC-1 desempenha um papel crucial nesse processo, supervisionando a produção de novas Mitocôndrias e otimizando as já existentes. Isso resulta em uma maior capacidade celular para suportar estresses futuros. A resposta adaptativa ao exercício não apenas aprimora a força e resistência muscular, mas também melhora a saúde geral, aumentando a sensibilidade à insulina e reduzindo a inflamação crônica.

Quais são os benefícios além do músculo?
Os efeitos do estresse controlado se estendem além dos músculos. Adaptar-se a essas condições induz uma série de respostas benéficas, como o aumento da produção de BDNF, uma substância que nutre os neurônios, além de fortalecer o sistema imunológico e atrasar o envelhecimento celular. Essencialmente, o corpo é enganado a acreditar que sua sobrevivência está em risco, o que provoca essas mudanças positivas.
Por que o corpo precisa de estresse controlado?
Na era moderna, com conforto extremo, o corpo escapa de muitos dos desafios enfrentados por nossos antepassados. Passamos longos períodos sentados, sem necessidade de caçar comida ou fugir de predadores, o que acaba adormecendo nosso cérebro reptiliano. Sem o desafio imposto por exercícios físicos intensos, o corpo se acomoda, resultando em Mitocôndrias ineficientes e uma saúde comprometida. O estresse físico controlado nos ajuda a manter um corpo equilibrado e preparado, combatendo o envelhecimento precoce e doenças metabólicas.
Como o cérebro reptiliano interpreta o exercício?
O cérebro primitivo não processa metas estéticas ou de condicionamento físico moderno. Ele reconhece ameaças e a necessidade de adaptação para a sobrevivência. Durante treinos intensos que aceleram o coração e levam os músculos ao limite, comunica-se na mesma língua do cérebro reptiliano. Esta parte do cérebro responde melhorando a eficiência e força do corpo, garantindo um preparo melhor para futuros desafios.
Treinar duro não é apenas uma busca por um físico esteticamente agradável, mas sim uma negociação com um cérebro que opera sob regras ancestrais. Ele entende que esforço seguido de recuperação profunda é essencial para o fortalecimento e adaptação do corpo. Portanto, garantir um descanso adequado após o treino é crucial, pois é nesse período que o ganho real acontece.
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Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
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