Em muitas relações do dia a dia, surgem comportamentos que desgastam de forma lenta, mas constante. Críticas em excesso, comentários irônicos, chantagem emocional e disputas frequentes podem abalar a confiança e a disposição de qualquer pessoa. Esse tipo de convivência costuma ser descrito popularmente como relacionamento com “pessoas tóxicas”.
O que são pessoas tóxicas nas relações do cotidiano
O termo pessoas tóxicas costuma ser usado para descrever indivíduos que, de forma recorrente, desvalorizam, manipulam ou utilizam o conflito como forma de se relacionar. Em vez de diálogo, prevalece a crítica destrutiva; em vez de respeito, aparece o jogo de poder, gerando um clima de hostilidade velada ou aberta.
Não significa que a pessoa seja “má” por completo, mas que o formato da interação é prejudicial para quem está ao redor. Entre os comportamentos mais relatados, aparecem a ridicularização de escolhas alheias, a minimização de conquistas e a inversão de responsabilidades, o que pode levar a um ciclo de dependência emocional e medo de se afastar.

Como identificar comportamentos tóxicos e seus principais sinais
Um dos indicadores mais úteis para reconhecer comportamento tóxico é observar como a pessoa se sente depois de uma interação. Sensação frequente de esgotamento, medo de desagradar, culpa sem motivo claro ou necessidade constante de se justificar podem sinalizar uma dinâmica pouco saudável e emocionalmente desgastante.
Registrar situações específicas costuma ajudar a enxergar os padrões com mais nitidez. Quando esses episódios se tornam rotina, a autoestima tende a diminuir, a pessoa começa a se adaptar ao conflito constante como se fosse inevitável e pode surgir o chamado gaslighting, que faz a vítima duvidar da própria memória e julgamento (Dutton et al., 2001).
- Elevar o tom de voz para impor uma opinião ou intimidar.
- Ridicularizar decisões na frente de outras pessoas.
- Negar frases ditas anteriormente, mesmo diante de evidências.
- Transformar críticas em ataques à identidade (“você é incapaz”, “você nunca acerta”).
- Colocar a responsabilidade dos próprios atos sempre no outro.
Como lidar com pessoas tóxicas sem aumentar o conflito
Depois de reconhecer a dinâmica, o passo seguinte costuma ser a definição de limites claros. Na prática, limites envolvem duas partes: a conduta que não será aceita e a consequência caso ela se repita, como encerrar interações com gritos ou recusar participar de piadas ofensivas que atacam corpo, trabalho ou escolhas pessoais.
Algumas estratégias úteis para reduzir o desgaste incluem estabelecer regras de convivência, diminuir a exposição e priorizar ambientes neutros. Em situações de chantagem emocional, respostas firmes e breves ajudam a sair do ciclo de provocação, preservando a própria integridade emocional sem entrar em “dramas” repetitivos que não geram mudanças concretas.
- Estabelecer regras de convivência: indicar com calma o que é aceitável e o que não é.
- Diminuir a exposição: reduzir tempo de contato quando possível, como encurtar ligações ou visitas.
- Escolher ambientes neutros: priorizar encontros em locais públicos, com horário de saída definido.
- Evitar o “drama” recorrente: não entrar em discussões repetitivas que não levam a ajustes concretos.
- Responder de forma objetiva: usar frases curtas, sem justificativas longas, para não alimentar debates intermináveis.
Para aprofundar o tema, trouxemos o vídeo da especialista @doutora.melancolia, onde ela explica as melhores técnicas para lidar com pessoas narcisistas:
@doutora.melancolica ♬ som original – doutora.melancolica
Qual é o papel do cuidado pessoal ao enfrentar relações desgastantes
Mesmo com limites, o contato com pessoas tóxicas pode continuar sendo cansativo, especialmente quando não é simples romper o vínculo, como em família ou trabalho. Nesses casos, proteger o próprio tempo e a própria energia é uma forma de higiene mental, ajudando a reduzir sintomas como insônia, alterações de apetite e dificuldade de concentração.
Algumas ações costumam auxiliar nesse cuidado, como reservar momentos de descanso, incluir atividades que recarregam e buscar apoio profissional. Em situações de insultos graves, controle, ameaças ou indícios de violência, a prioridade passa a ser a segurança física e emocional, acionando redes de apoio e serviços especializados para interromper ciclos abusivos e construir vínculos mais respeitosos no futuro.
- Reservar momentos de descanso sem telas ou cobranças externas.
- Incluir atividades que ajudam a recarregar, como leitura, esporte leve ou caminhadas.
- Buscar conversas com pessoas de confiança, que tragam apoio e não julgamento.
- Procurar acompanhamento profissional quando o desgaste já afeta sono, apetite ou rendimento diário.
Referências bibliográficas
- DUTTON, M. A.; GOODMAN, L. A.; BENNETT, L. Court-involved battered women’s responses to battering: A contextual analysis. Violence Against Women, v. 7, p. 844–867, 2001.










