Ele está na mesa do café da manhã, do almoço improvisado e do lanche da tarde. Crocante por fora, macio por dentro, o pão francês é quase um símbolo nacional. Ainda assim, o nome engana. Apesar do “francês”, esse pão como conhecemos hoje não nasceu na França. A história dele passa por influência europeia, adaptação brasileira e muita criatividade das padarias locais.
A inspiração europeia que chegou ao Brasil
No fim do século 19 e início do século 20, elites brasileiras viajavam com frequência à Europa, especialmente à França. Lá, consumiam pães mais claros, alongados e com casca crocante, bem diferentes dos pães escuros e densos comuns no Brasil da época.
Ao voltar, passaram a pedir nas padarias algo parecido com o pão francês europeu. O pedido não era uma receita exata, mas uma referência de estilo, aparência e textura.

Por que o pão brasileiro não é igual ao francês original?
O pão francês da França, como a baguete, tem fermentação mais longa, farinha específica e regras rígidas de preparo. No Brasil, os padeiros adaptaram o processo aos ingredientes disponíveis, ao clima e ao gosto local.
O resultado foi um pão menor, mais leve, com miolo mais macio e casca fina e estaladiça. Ou seja, inspirado na ideia do pão europeu, mas com uma identidade própria.
O nome “francês” pegou, mas a receita virou brasileira
Mesmo diferente do original europeu, o nome ficou. “Pão francês” passou a designar aquele pão claro, crocante e de consumo diário. Com o tempo, a versão brasileira se espalhou pelo país inteiro.
Curiosamente, em outras regiões ele ganhou nomes diferentes. No Rio Grande do Sul, é chamado de cacetinho. Em outras partes do Brasil, aparece como pão de sal ou pãozinho.

Um símbolo nacional que nasceu da adaptação
Hoje, o pão francês é reconhecido como uma criação tipicamente brasileira. Ele não existe da mesma forma em nenhum outro país e faz parte da rotina alimentar de milhões de pessoas.
A história do nome mostra como a cultura funciona. O Brasil se inspira, adapta e cria algo novo. O pão pode ter vindo da ideia europeia, mas o sabor, o formato e o hábito de consumo são totalmente nossos, como fala Carlos Chen 陈圣男 em seu TikTok:
No fim, o pão francês prova que nem tudo que tem nome estrangeiro veio de fora. Às vezes, é apenas o resultado de uma boa inspiração que ganhou sotaque brasileiro e virou tradição.









