Você já ouviu, ou talvez já tenha dito, frases como “isso é pra mim fazer”. Apesar de ser considerado um erro gramatical pela norma-padrão, quase todo mundo entende a frase sem dificuldade. Em 2025, estudos em linguística explicam que isso acontece porque o cérebro prioriza o sentido da mensagem, não a forma perfeita.
Por que “pra mim fazer” é considerado erro
Pela gramática normativa, o pronome “mim” não pode exercer a função de sujeito de um verbo. Ele só deve ser usado como objeto.
O correto, portanto, é:
- para eu fazer
- para eu resolver
- para eu entregar
Isso acontece porque quem faz a ação é eu, não mim.

Então por que o cérebro entende sem esforço?
Segundo pesquisadores do Departamento de Linguística da USP, o cérebro humano é altamente eficiente em processar significado, mesmo quando a estrutura gramatical não segue a norma.
Na fala cotidiana, o cérebro:
- antecipa o sentido da frase antes do fim;
- usa o contexto para corrigir mentalmente a estrutura;
- prioriza comunicação, não correção formal.
Ou seja, a mensagem chega intacta, mesmo com a forma “errada”.
A psicologia da linguagem por trás do uso
Na linguagem falada, há uma tendência natural à simplificação. A sequência “pra mim” já está cristalizada no português como algo comum, e o cérebro tende a estendê-la automaticamente.
Além disso:
- “mim” soa mais neutro e contínuo na fala;
- a distinção entre sujeito e objeto é menos consciente na oralidade;
- a fala é rápida, diferente da escrita planejada.
Esse tipo de construção é chamado de erro sistemático compreensível: foge da norma, mas não da comunicação.

Exemplos corretos e incorretos no dia a dia
- Incorreto (mas comum): Isso é pra mim fazer.
Correto: Isso é pra eu fazer. - Incorreto (fala cotidiana): Ele pediu pra mim ligar.
Correto: Ele pediu pra eu ligar. - Incorreto (oral): Tem um trabalho pra mim entregar.
Correto: Tem um trabalho pra eu entregar.
A linguística moderna não trata esse uso como “ignorância”, mas como um reflexo natural da evolução da língua falada juntamente com a regionalidade, como mostra Pó de Tudo em seu TikTok:
Na prática, a frase funciona. Na escrita formal, porém, a norma ainda importa. É por isso que o cérebro entende, mas o corretor gramatical não perdoa.










