A felicidade é um dos principais desejos humanos, mas também um dos conceitos mais mal compreendidos. Mesmo conquistando sucesso, dinheiro ou reconhecimento, muitas pessoas continuam sentindo um vazio difícil de explicar. Segundo Arthur C. Brooks, professor da Universidade de Harvard e um dos principais especialistas em felicidade do mundo, esse paradoxo tem uma explicação clara, e apenas um tipo de pessoa consegue, de fato, escapar dele.
O que é a esteira hedônica e por que ela afeta tanta gente?
A esteira hedônica é o mecanismo psicológico que faz com que nos adaptemos rapidamente a ganhos e perdas, retornando sempre a um nível padrão de bem-estar. O conceito foi desenvolvido por psicólogos na década de 1970 para explicar por que conquistas importantes não geram felicidade duradoura.
Na prática, isso significa que promoções, bens materiais ou status social trazem prazer temporário, mas logo deixam de satisfazer. O cérebro se acostuma e passa a exigir mais estímulos para sentir o mesmo nível de prazer, criando um ciclo contínuo de busca que nunca se completa, segundo Arthur C. Brooks.

Quais são os três tipos de pessoas segundo Arthur C. Brooks?
Arthur C. Brooks afirma que existem três tipos de pessoas quando o assunto é felicidade, todas relacionadas à forma como lidam com a esteira hedônica. Essa classificação ajuda a entender por que tantas pessoas se sentem exaustas emocionalmente mesmo tendo “tudo”.
Antes de avançar, é importante compreender como esses perfis se diferenciam na prática:
01 pessoas que correm na esteira sem perceber
02 pessoas que sabem que estão nela, mas não param
03 pessoas que decidem sair da esteira
A grande diferença entre elas não está nas circunstâncias externas, mas na relação que constroem com sucesso, prazer e propósito ao longo da vida.
Por que correr atrás de sucesso não traz felicidade duradoura?
Buscar felicidade somente no sucesso, no dinheiro ou no consumo leva à frustração contínua, porque esses elementos ativam somente a felicidade hedônica. Esse tipo de felicidade está ligada ao prazer imediato e à ausência de dor, mas não sustenta o bem-estar no longo prazo.
Segundo Brooks, o sucesso funciona como um vício: cada conquista gera uma breve sensação de satisfação, logo substituída pela necessidade de mais. O cérebro, em busca de equilíbrio, incentiva a repetição do ciclo, mesmo quando ele já não traz realização verdadeira.
Qual é a diferença entre felicidade hedônica e eudaimônica?
A felicidade hedônica está ligada ao prazer momentâneo, enquanto a eudaimônica se baseia em propósito, significado e crescimento pessoal. Ambas fazem parte da experiência humana, mas produzem efeitos muito diferentes no bem-estar.
A felicidade eudaimônica surge quando a pessoa sente que sua vida tem sentido, que seus esforços estão alinhados com valores profundos e que os desafios enfrentados contribuem para algo maior. É esse tipo de felicidade que sustenta satisfação ao longo do tempo, mesmo diante de dificuldades.
Para facilitar a compreensão, veja a tabela abaixo:
| Tipo de felicidade | Base principal | Duração do efeito |
|---|---|---|
| Hedônica | Prazer e conforto | Curta |
| Eudaimônica | Propósito e significado | Longa |
| Sucesso isolado | Reconhecimento externo | Temporária |
| Vida com sentido | Valores e crescimento | Sustentável |
Por que somente quem sai da esteira será verdadeiramente feliz?
Apenas quem decide sair da esteira hedônica consegue construir uma felicidade real e duradoura, porque rompe com a lógica do “nunca é suficiente”. Esse grupo aceita que a vida inclui frustrações, emoções negativas e desafios — e entende que isso não é o oposto da felicidade.
Segundo Brooks e publicado pela CNBC, pessoas verdadeiramente felizes são aquelas que aproveitam o processo da vida, sentem satisfação com suas experiências, enfrentam desafios conscientemente e têm clareza sobre o próprio propósito. Elas não fogem da dor, mas aprendem com ela.
Felicidade, nesse sentido, não é um estado constante de alegria, mas uma construção baseada em significado. Buscar uma felicidade absoluta é impossível e gera somente frustração. A verdadeira mudança começa quando a pessoa aceita essa realidade e escolhe viver de forma mais consciente.
No fim, a pergunta proposta por Brooks é direta e desconfortável: se você já entende que correr na esteira não funciona, o que ainda o impede de parar? A decisão de sair exige coragem, mudanças e renúncias, mas é justamente esse movimento que abre espaço para uma vida mais livre, autêntica e verdadeiramente feliz.










