Sentir o estômago embrulhar em momentos de tensão é uma experiência comum. Em entrevistas de emprego, provas importantes ou discussões delicadas, muitas pessoas relatam náuseas, “borboletas no estômago” ou até vontade de ir ao banheiro. Esse desconforto não surge ao acaso: ele está ligado a uma rede complexa que conecta o intestino ao cérebro, conhecida como eixo intestino-cérebro, que transforma emoções em sensações físicas bem reais.
O que é o eixo intestino-cérebro e como ele funciona
O chamado eixo intestino-cérebro é o sistema de comunicação que integra o sistema nervoso central, o sistema nervoso entérico (também chamado de “segundo cérebro” do intestino), o sistema imunológico e a microbiota intestinal. Essa interação ocorre por meio de sinais químicos, como hormônios e neurotransmissores, vias neurais — com destaque para o nervo vago — e substâncias produzidas pelas bactérias que vivem no intestino.
No contexto do enjoo causado por nervosismo, o cérebro interpreta uma situação como ameaçadora e aciona respostas de estresse. Em frações de segundo, hormônios como adrenalina e cortisol são liberados, alterando o fluxo sanguíneo, o ritmo cardíaco e o funcionamento do trato gastrointestinal, enquanto o intestino envia sinais de volta ao cérebro e reforça a sensação de mal-estar, de acordo com a pesquisa “Gut feelings: the emerging biology of gut–brain communication”.
Por que ficamos enjoados quando estamos nervosos
A náusea por ansiedade ou nervosismo ocorre por um conjunto de mecanismos que envolvem tanto o cérebro quanto o sistema digestivo. Em situações de estresse, o corpo prioriza órgãos essenciais para a reação de “luta ou fuga”, redirecionando sangue para músculos e coração e reduzindo a circulação no sistema digestivo, o que favorece a sensação de enjoo.
O aumento de adrenalina e outras substâncias também pode modificar o movimento do estômago e do intestino, deixando a digestão mais lenta ou acelerada. Em pessoas com hipersensibilidade visceral, pequenas alterações intestinais são percebidas de forma ampliada, o que intensifica o enjoo nervoso e desconfortos como azia, cólicas e sensação de “barriga trançada”.
Para aprofundarmos o tema, trouxemos o vídeo do psicólogo Rui Búrigo:
@ruiburigo Crises de ansiedade com enjôos? Entenda porquê… #bemestar #crisedeansiedade #enjoo #viver #vida #health #az #ruiburigo #psicologia ♬ som original – Rui Búrigo | Psicólogo
Quais são as principais causas do enjoo nervoso
O enjoo motivado por nervosismo geralmente resulta da combinação entre fatores emocionais, biológicos e comportamentais. Situações de estresse agudo, como provas, palestras ou conflitos, podem desencadear sintomas rápidos, enquanto quadros de ansiedade generalizada mantêm o organismo em alerta prolongado e mais vulnerável ao mal-estar digestivo.
Para entender melhor esse fenômeno, vale observar alguns fatores que costumam contribuir para o aparecimento e a intensificação do enjoo ligado ao estado emocional:
- Estresse agudo: situações pontuais de grande tensão, como provas, palestras ou conflitos;
- Ansiedade generalizada: preocupação constante que mantém o organismo em alerta prolongado;
- Histórico de problemas gastrointestinais: gastrite, refluxo, síndrome do intestino irritável e outras condições;
- Alimentação irregular: longos períodos em jejum ou ingestão excessiva de alimentos gordurosos ou muito condimentados;
- Sono insuficiente: noites mal dormidas intensificam a resposta ao estresse;
- Uso de substâncias: cafeína em excesso, álcool e cigarro podem irritar o estômago e potencializar o enjoo.
Quais são as principais causas do enjoo por nervosismo em detalhes
A seguir, apresentamos uma visão geral em formato de tabela com algumas causas comuns relacionadas ao enjoo ligado ao estado emocional. Essa organização ajuda a visualizar como cada fator interfere, na prática, no funcionamento do sistema digestivo durante momentos de tensão.
Essas causas podem atuar de forma isolada ou combinada, intensificando a resposta do eixo intestino-cérebro. Quando mais de um gatilho está presente — como privação de sono, alimentação inadequada e estresse — o risco de sentir náuseas, cólicas ou urgência para ir ao banheiro aumenta significativamente.
| Causa | Como se relaciona ao enjoo nervoso |
|---|---|
| Estresse agudo | Ativa o sistema nervoso simpático, reduzindo a circulação no aparelho digestivo e favorecendo náuseas. |
| Ansiedade crônica | Mantém níveis elevados de hormônios do estresse, alterando a motilidade intestinal e a sensibilidade do estômago. |
| Distúrbios gastrointestinais prévios | Condição pré-existente, como gastrite ou refluxo, torna o estômago mais vulnerável a gatilhos emocionais. |
| Alimentação inadequada | Refeições pesadas ou em horários irregulares dificultam a digestão e intensificam o mal-estar em momentos tensos. |
| Privação de sono | Desregula hormônios e aumenta a reatividade ao estresse, o que pode amplificar a sensação de enjoo. |
| Consumo excessivo de cafeína ou álcool | Irrita a mucosa gástrica e potencializa sintomas quando há nervosismo. |
Como o intestino conversa com o cérebro em momentos de tensão
O intestino conta com uma grande rede de neurônios, chamada sistema nervoso entérico, capaz de perceber alterações químicas e físicas no trato digestivo. Em situações de tensão, essa estrutura envia mensagens ao cérebro por meio de nervos e substâncias mensageiras, tornando a comunicação ainda mais intensa e sensível.
O nervo vago é uma das principais vias desse diálogo de mão dupla, levando sinais do intestino ao cérebro e também no sentido inverso. A microbiota intestinal, influenciada por fatores como alimentação e uso de antibióticos, também modula essa interação, interferindo tanto nas emoções quanto na predisposição ao enjoo e a desconfortos abdominais.

O que pode ajudar a reduzir o enjoo ligado ao nervosismo
Para reduzir o mal-estar, costuma ser necessário agir em mais de uma frente, cuidando tanto do corpo quanto da mente. Medidas simples do dia a dia podem favorecer o equilíbrio do eixo intestino-cérebro, como ajustar a alimentação, melhorar a qualidade do sono e praticar técnicas de relaxamento regularmente.
Entre os cuidados gerais mais recomendados por profissionais de saúde para aliviar ou prevenir o enjoo por nervosismo, destacam-se as orientações a seguir:
- Organizar a alimentação diária: priorizar refeições leves, fracionadas e com menos gordura antes de eventos estressantes;
- Cuidar do sono: manter horários regulares e ambiente adequado para dormir favorece o equilíbrio do eixo intestino-cérebro;
- Praticar técnicas de relaxamento: respiração diafragmática, meditação guiada e alongamentos podem reduzir a resposta de estresse;
- Evitar excesso de estimulantes: reduzir cafeína, álcool e cigarro, que podem irritar o estômago;
- Buscar acompanhamento profissional: avaliação médica e, quando indicado, suporte psicológico ou psiquiátrico para manejo da ansiedade.
Quando o enjoo relacionado ao nervosismo é frequente, intenso ou vem acompanhado de sinais como perda de peso, dor forte ou vômitos persistentes, é fundamental procurar avaliação especializada. Dessa forma, é possível investigar doenças associadas e traçar estratégias para cuidar do equilíbrio emocional e da saúde intestinal, reduzindo o impacto do estresse no dia a dia.








