Em cargos públicos e diplomáticos, a forma feminina de muitos títulos ainda causa estranhamento, especialmente quando não circula com frequência na fala cotidiana. Um caso emblemático é o de cônsul. Apesar de muita gente considerar que a palavra não teria feminino, a forma feminina existe, é registrada em dicionários, consta nos vocabulários oficiais da língua portuguesa e se relaciona diretamente com o debate contemporâneo sobre linguagem inclusiva.
Qual é o feminino de cônsul segundo a norma culta
De acordo com o padrão da língua e com registros lexicográficos, o feminino de “cônsul” é “consulesa”. A forma segue o padrão de outras palavras cujo masculino termina em -ul ou em consoante, e o feminino se constrói com o sufixo -esa, como em “duque” e “duquesa” ou em “príncipe” e “princesa”.
A Academia Brasileira de Letras, por meio do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), registra “consulesa” como forma correta e dicionarizada. Dicionários de prestígio também trazem o termo como mulher que exerce o cargo de cônsul ou esposa de cônsul, o que legitima seu uso em textos formais, oficiais e acadêmicos.

Por que o uso de consulesa é pouco frequente no dia a dia
A baixa frequência de consulesa pode ser atribuída à raridade relativa do próprio cargo no cotidiano da maior parte da população, o que reduz a circulação da forma em geral. Além disso, documentos oficiais costumam manter “cônsul” como designação do cargo, independentemente do gênero da pessoa que o ocupa.
Em muitos contextos, a função é mencionada sem marcação de gênero: “o cargo de cônsul”, “a pessoa nomeada cônsul”, preservando o masculino como termo neutro. Soma-se a isso a influência das práticas internas da diplomacia, que frequentemente priorizam a designação institucional e invariável do posto.
Como usar consulesa e outros femininos raros de forma adequada
Em textos jornalísticos, acadêmicos e jurídicos, a escolha entre “cônsul” e consulesa depende do objetivo de cada redação ou instituição. Quando a intenção é marcar explicitamente o gênero feminino, “consulesa” é adequado e reconhecido pelos principais instrumentos normativos da língua.
Para além de “consulesa”, o português registra vários femininos menos usuais para cargos, títulos e profissões, que podem ser úteis em contextos de linguagem inclusiva e de visibilidade feminina. Entre os exemplos estão:
- alcaidessa – feminino de alcaide
- generalesa – feminino de general (em certos registros tradicionais)
- priora – feminino de prior
- sacerdotisa – variante feminina de sacerdote
- profetisa – feminino de profeta
- pedreira – feminino de pedreiro
- juíza – feminino de juiz
- delegada – feminino de delegado
- poetisa – feminino de poeta (embora “a poeta” também seja usado)
- presidenta – feminino de presidente, igualmente reconhecido
Para exemplificarmos o tema, trouxemos o vídeo interativo do perfil @jaimaginouisso:
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Por que vale a pena conhecer femininos pouco usuais na língua portuguesa
O domínio de femininos como consulesa é relevante para quem trabalha com linguagem, como profissionais da imprensa, do direito, da diplomacia, da educação e da redação técnica. Conhecer as formas registradas amplia os recursos para adequar o texto ao contexto e às políticas de linguagem inclusiva de cada instituição.
Também é útil diferenciar situações em que se fala da pessoa que ocupa o cargo daquelas em que se menciona apenas o título oficial, como em “o cônsul-geral do Brasil”. À medida que mais mulheres assumem funções públicas, tende a aumentar a circulação de femininos específicos, e “consulesa” permanece como forma legítima, normativa e disponível, ainda que divida espaço com o uso neutro de “cônsul”.







