O formigamento nas mãos e nos pés é uma sensação comum, descrita muitas vezes como “agulhadas” ou “choquinhos leves”. Em grande parte dos casos, essa alteração é passageira e se relaciona com a pressão sobre nervos ou vasos sanguíneos, como quando alguém permanece muito tempo na mesma posição. Em outras situações, porém, o sintoma pode indicar problemas neurológicos ou circulatórios que merecem investigação específica e acompanhamento médico.
O que é formigamento nas mãos e pés e por que essa sensação merece atenção
A expressão formigamento nas mãos e pés resume um grupo de sensações anormais na pele, geralmente sem estímulo aparente. Essas sensações vão desde leve dormência até perda parcial da sensibilidade, e podem ser percebidas como “choques”, “queimação” ou pressão, segundo pesquisas como “Numbness, Tingling, and Sensory Loss”.
Na linguagem médica, essas alterações envolvem mudanças na condução dos sinais nervosos ou na chegada de sangue e oxigênio aos tecidos. Compreender a origem do sintoma é essencial para diferenciar situações simples de quadros que exigem avaliação neurológica, vascular ou metabólica mais detalhada.
Quais são as principais causas neurológicas do formigamento
As causas neurológicas do formigamento nas extremidades envolvem alterações nos nervos periféricos, na medula espinhal ou até no cérebro. Quando a via de transmissão dos estímulos táteis é afetada, surgem sensações anormais na pele com intensidade variável, que podem incluir dor em queimação ou perda de reflexos.
Entre as causas neurológicas mais frequentes, destacam-se:
- Compressão de nervos periféricos: túnel do carpo, compressão do nervo ulnar no cotovelo, compressões em tornozelos ou joelhos.
- Neuropatia diabética: alteração dos nervos provocada pela glicose elevada de forma contínua.
- Hérnia de disco e problemas de coluna: pressão sobre raízes nervosas que saem da medula, causando formigamento que irradia para braços ou pernas.
- Deficiências vitamínicas: principalmente de vitaminas do complexo B, essenciais para o bom funcionamento dos nervos.
- Doenças autoimunes e inflamatórias: como algumas formas de neuropatia periférica inflamatória.
Para aprofundarmos no tema, trouxemos o vídeo do Dr. Afonso Aragão:
@afonsoneurocirurgiao Respondendo a @apenap #neuro #medicina #diabetes ♬ som original – Dr Afonso Aragão Neuro
Como problemas na circulação podem causar formigamento
As causas circulatórias do formigamento nas mãos e pés estão ligadas à redução do fluxo sanguíneo para as extremidades. Quando o sangue não chega de forma adequada, há menor oferta de oxigênio e nutrientes, o que altera o funcionamento dos tecidos e dos próprios nervos, gerando sensação de frio, peso ou dor.
Essas alterações podem ser temporárias ou associadas a doenças crônicas que comprometem artérias e veias. Entre os fatores circulatórios mais observados, encontram-se condições que prejudicam a microcirculação e aumentam o risco de lesões nos pés e nas mãos.
- Mau posicionamento prolongado: cruzar as pernas por muito tempo ou apoiar o peso do corpo sobre um braço pode comprimir vasos sanguíneos.
- Doença arterial periférica: estreitamento das artérias que levam sangue às pernas e braços, mais comum em pessoas com tabagismo, colesterol elevado ou hipertensão.
- Problemas venosos: como insuficiência venosa crônica, que pode gerar inchaço, peso nas pernas e formigamento.
- Fenômeno de Raynaud: alteração na circulação dos dedos das mãos e dos pés desencadeada por frio ou estresse, com mudança de cor da pele.
Tabela com principais causas de formigamento e sintomas associados
A seguir, um quadro comparativo entre algumas causas neurológicas e circulatórias de formigamento nas extremidades e seus sintomas mais comuns. Essa visão geral ajuda a relacionar o tipo de alteração com o padrão de desconforto relatado pelo paciente.
Essa comparação não substitui o diagnóstico médico, mas auxilia a entender quando o quadro se aproxima mais de uma causa neurológica, circulatória ou mista, e em quais situações é necessário procurar avaliação especializada.
| Causa | Tipo (Neurológica/Circulatória) | Sintomas associados mais frequentes |
|---|---|---|
| Síndrome do túnel do carpo | Neurológica | Formigamento em dedos das mãos, pior à noite, fraqueza para segurar objetos, dor no punho |
| Neuropatia diabética | Neurológica | Queimação nos pés, perda de sensibilidade, feridas que demoram a cicatrizar |
| Hérnia de disco lombar | Neurológica | Dor nas costas com irradiação para pernas, dormência, fraqueza muscular |
| Deficiência de vitamina B12 | Neurológica | Formigamento difuso, cansaço, palidez, dificuldade de concentração |
| Doença arterial periférica | Circulatória | Dor nas pernas ao caminhar, pele fria, queda de pelos, feridas nos pés |
| Insuficiência venosa crônica | Circulatória | Inchaço nas pernas, sensação de peso, varizes, formigamento ao final do dia |
| Fenômeno de Raynaud | Circulatória | Dedos que mudam de cor no frio (branco, roxo, vermelho), dor e formigamento |
| Compressão temporária por postura | Mista (nervos e vasos) | Formigamento passageiro, melhora ao mudar de posição, sem dor persistente |
Quando o formigamento nas mãos e pés exige maior atenção
Alguns sinais ajudam a identificar quando o formigamento nas mãos e nos pés ultrapassa o limite do desconforto passageiro. Início súbito, perda de força em um lado do corpo, dificuldade para falar, alteração da visão ou da coordenação motora podem indicar quadros neurológicos agudos, como AVC, e exigem atendimento de urgência.
Também merecem atenção sintomas persistentes por semanas, dor intensa, alterações de cor da pele, feridas que não cicatrizam ou perda de sensibilidade a ponto de não perceber cortes e queimaduras. Históricos de diabetes, hipertensão, colesterol alto, tabagismo ou problemas na coluna aumentam a necessidade de avaliação detalhada.
Quais cuidados e medidas ajudam a prevenir ou reduzir o formigamento
Algumas medidas simples podem ajudar a diminuir episódios de parestesia, especialmente quando o formigamento está ligado à postura ou a hábitos do dia a dia. Elas não substituem a avaliação especializada, mas contribuem para proteger nervos e vasos sanguíneos e, em muitos casos, reduzem a frequência e a intensidade dos sintomas.
- Evitar posturas prolongadas: alternar posições, levantar-se periodicamente e não cruzar as pernas por muito tempo.
- Cuidar da ergonomia: ajustar cadeira, mesa e altura da tela em atividades de trabalho para reduzir pressão sobre punhos e coluna.
- Manter controle de doenças crônicas: acompanhamento regular de diabetes, pressão arterial e colesterol.
- Adotar alimentação equilibrada: incluir alimentos ricos em vitaminas do complexo B e ferro, quando não houver contraindicação.
- Evitar tabagismo e excesso de álcool: fatores frequentemente associados a danos vasculares e neurológicos.
- Praticar atividade física regular: auxilia a circulação sanguínea e a saúde dos nervos.
O formigamento nas extremidades pode estar ligado tanto a causas simples quanto a alterações neurológicas e circulatórias que exigem atenção. Observar como o sintoma se manifesta, os sinais associados e o contexto em que aparece ajuda a direcionar o cuidado adequado e a preservar a saúde das mãos e dos pés ao longo do tempo.
