Na língua portuguesa, a formação do feminino de alguns substantivos causa dúvidas frequentes, especialmente quando se trata de nomes de animais. Um exemplo recorrente é a ideia de que o feminino de “galo” é sempre “galinha”. A questão parece simples à primeira vista, mas envolve diferenças de significado, uso regional, terminologia técnica e até de contexto, o que leva gramáticos e dicionários a apresentarem explicações mais detalhadas.
Qual é afinal o feminino de “galo” na gramática
Do ponto de vista estritamente gramatical, “galo” é um substantivo masculino que designa o macho adulto da espécie Gallus gallus domesticus, enquanto “galinha” é um substantivo feminino que se refere à fêmea dessa mesma espécie. Assim, em termos de sexo biológico, “galinha” é, sim, o correspondente feminino de “galo”.
Porém, a língua não se organiza apenas pela biologia, e é aí que surgem os mal-entendidos. Em muitos contextos, “galinha” não funciona apenas como feminino de “galo”, mas como nome genérico da espécie criada para produção de carne e ovos, independentemente do sexo, o que amplia o seu campo de significado.
Da mesma forma, diversos outros femininos são pouco falados, como mostra o perfil @sou.dougsoares:
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O feminino de “galo” é “galinha” em todos os contextos
A afirmação de que o feminino de “galo” não é “galinha”, pelo menos não em todas as situações, costuma aparecer em textos que tratam de precisão linguística. Isso acontece porque, em vários contextos, “galinha” deixa de ser apenas a fêmea do galo e passa a indicar um conjunto mais amplo de significados, inclusive usos figurados e gírias na linguagem popular.
Além disso, há contextos técnicos em que se prefere empregar termos como “ave”, “galiforme” ou “frango”, dependendo da idade ou da destinação econômica do animal. Numa granja ou em manuais de zootecnia, essa escolha terminológica ajuda a diferenciar com mais precisão as funções de cada animal.
Quais são os principais termos usados na criação de aves
Nesse cenário específico da criação, “galo” e “galinha” ocupam funções muito claras, e a ideia de que um é simplesmente o feminino do outro se mostra incompleta. Para organizar essas diferenças, criadores e técnicos utilizam termos específicos que classificam a ave conforme o sexo, a idade e a finalidade produtiva.
- Galo reprodutor: macho usado para fertilizar ovos;
- Galinha poedeira: fêmea em fase produtiva de ovos;
- Frango ou franga: ave jovem, ainda em crescimento ou engorda;
- Frango de corte: ave criada principalmente para a produção de carne;
- Pintinho ou pintainho: filhote recém-nascido, sem distinção de sexo.
Como a palavra “galo” e “galinha” aparece no uso cotidiano
Na fala cotidiana, a expressão “feminino de galo” costuma ser usada em brincadeiras, provas escolares simples ou jogos de palavras. Em materiais didáticos mais recentes, a explicação tende a ser mais cuidadosa, indicando que, em termos de gênero gramatical associado ao sexo, “galinha” é o termo que designa a fêmea da espécie, mas destacando que o par não é totalmente simétrico.
Em dicionários atualizados, é comum encontrar verbetes que registram múltiplos sentidos para “galinha” e “galo”, incluindo significados figurados, regionais e expressões idiomáticas. Isso mostra que a relação entre os dois vocábulos é mais ampla do que a simples equivalência “masculino/feminino”, refletindo práticas rurais, culinária e referências culturais.

Por que a discussão sobre “galo” e “galinha” é relevante
A forma como se entende o feminino de “galo” ajuda a observar como o português lida com nomes de animais e com o gênero gramatical. Em muitos casos, a língua cria pares regulares, como “gato/gata” ou “lobo/loba”. Em outros, recorre a termos diferentes, como “cavalo/égua” ou “carneiro/ovelha”, e “galo/galinha” se encaixa nesse grupo irregular.
Essa discussão também evidencia a diferença entre gênero gramatical e sexo biológico. Nem todo substantivo masculino indica algo do sexo masculino, assim como nem todo substantivo feminino se refere a algo do sexo feminino. No caso de “galo” e “galinha”, há uma coincidência entre gênero e sexo, mas o uso social acrescenta camadas de significado que vão além dessa oposição simples.
Quando usar “galo” e quando usar “galinha” na prática
Na prática, a escolha entre “galo” e “galinha” depende do foco da frase e da informação que se deseja destacar. É importante observar se o contexto enfatiza o sexo do animal, a espécie criada ou a função produtiva, pois isso altera a forma mais adequada de nomear.
- Foco no sexo do animal: quando o objetivo é destacar que se trata do macho ou da fêmea, usa-se “galo” para o macho e “galinha” para a fêmea.
- Foco na espécie criada: em contextos de alimentação ou comércio, “galinha” pode aparecer como termo genérico, enquanto “frango” e “franga” marcam idade e uso culinário.
- Foco na função: em criações rurais, “galo” costuma indicar o animal responsável pela reprodução e pela liderança do grupo.
Assim, a frase “o feminino de galo não é galinha (pelo menos não sempre)” chama atenção para essas nuances e para a necessidade de observar o contexto. A gramática tradicional aponta “galinha” como fêmea do “galo”, mas o uso real da língua mostra que essa relação é mais complexa e rica em significados.








